O desafio do projeto Pavilhão Desportivo da Escola Secundária Eça de Queirós era incluir um equipamento desportivo no complexo escolar da Escola Secundária Eça de Queirós. Este polo educativo, situado mesmo no centro do núcleo urbano das Póvoa de Varzim, com dois hectares e meio, apesar de ter um amplo espaço exterior para a prática desportiva, com campos de futebol, de outras modalidades e até pista de atletismo, não tinha um espaço moderno que permitisse a prática física em qualquer circunstância climatérica. A Escola Secundária está presente na memória dos Poveiros há mais de meio século, tendo servido a população em diversas gerações. Nesse sentido, desde o primeiro esboço que se considerou que qualquer abordagem construída neste local tinha que ser de cuidada análise, procurando, se possível, uma proposta não disruptiva com o contexto e a preexistência.
O programa previsto para a intervenção é composto por um edifício de pavilhão gimnodesportivo com recinto coberto de jogos e respetivas bancadas, edifício de apoio com ginásio, balneários e espaços complementares.
O projeto foi concebido com uma linguagem moderna, mas enquadrado no contexto de um património edificado da década de cinquenta e sessenta, do século passado, com evidentes referências preservadas da arquitetura que habitualmente designamos de “Estado Novo”.
O conjunto geral da Escola Secundária Eça de Queirós possui uma volumetria ortogonal, em forma de unidade de quarteirão com cércea uniforme de dois pisos encimada por cobertura em telhado. A implantação do corpo principal, com claustro, refere-se à intervenção realizada pela Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário, em 1952, da autoria do Arquiteto António José Pedroso. Posteriormente, constata-se que foram realizadas obras de ampliação tendo sido estas terminadas no ano letivo de 1961.
Ora, o novo edifício do pavilhão iria criar uma frente edificada na Rua Alberto Pimentel, mesmo junto da “Casa Beires”, uma das primeiras e mais icónicas obras de Álvaro Siza Vieira. Esta entrada, bem distante da fachada principal da escola localiza-se no lado oposto do enorme quarteirão, e implicava um estável enquadramento com uma envolvente de moradias. Por outro lado, sendo uma escola, impunha-se um rigoroso dispositivo de controlo de entradas, para que o equipamento durante o período letivo funcione apenas virado para interior do conjunto escolar, e no período complementar ao período escolar, abrir-se-ia ao exterior, encerrando automaticamente o recinto da escola.
Estas condicionantes implicaram uma proposta de implantação muito cautelosa, mitigando o impacto na existente pista de atletismo e fazendo da intervenção uma cerzidura minimal no tecido urbano do conjunto. Paralelamente, buscava-se através do desenho uma gramática arquitetónica integradora no conjunto de cariz histórico.
Foi desta amálgama de condições, umas legalmente impostas e outras autoinfligidas pelo projeto que deram origem à ideia conceptual deste projeto: procurar uma linguagem que junte a imagem integrada de uma rua urbana de pendor habitacional com um equipamento moderno que se inspira nas cores e nos materiais dos anos cinquenta, mas afirmar a sua própria identidade.
No novo edifício houve a preocupação de não competir com o existente, antes fazer um jogo de integração e manifestação de modernidade. Procurando introduzir uma linguagem contemporânea, com uma matriz volumétrica rica e diferenciadora, tentou-se contextualizar no pré-existente. Nos aspetos organizacionais e funcionais a proposta procura apenas corresponder aos desígnios do local, à sua implantação e ao respetivo programa.
O edifício foi projetado com dois volumes, ambos em estrutura de betão armado. O corpo principal do pavilhão prevê uma macroestrutura em pilares e vigas metálicas. O corpo principal será revestido na cobertura com um sistema de chapa dupla, com isolamento integrado, assumindo uma imagem necessariamente iconográfica, mas simultaneamente integrada na sua envolvente próxima. O edifício possui uma base em betão aparente e um piso superior com acabamento tipo rebocado e caixilharias exteriores em fibra de vidro, dando-lhe nas fenestrações um ambiente mais diferenciador e cada detalhe.
As paredes serão em betão aparente (na base) e em bloco de betão revestido com sistema de isolamento térmico pelo exterior com cor champanhe – idêntica ao exterior da escola. O edifício complementar (balneários e zonas de apoio) foi edificado com estrutura em betão armado e revestimentos exteriores em betão aparente. No interior, foram utilizados os revestimentos cerâmicos antiderrapantes, em grés, para maiores níveis de resistência.
O pavimento desportivo em madeira fornece a polivalência de uso que se buscava, tanto para a prática desportiva como para qualquer evento que a escola ou a comunidade pretendam ali realizar.
A luz natural, presenta em todo o conjunto, em especial por vias das inúmeras claraboias procura minimizar as necessidades energéticas, mas também reforçar a ligação interior exterior. Das bancadas é possível apreciar o campo de jogos exteriores com as crianças a brincar e visualizar as fachadas da escola.
No final impôs-se uma pequena varanda, de métrica e alinhamentos propositadamente enigmáticos, oferecendo ao conjunto um local de pausa para intervalos, onde os progenitores podem relaxar na pausa dos jogos dos seus filhos junto às folhas das arvores da Rua Alberto Pimentel, e, já agora, espreitar mais de perto, mas sem intrusão visual, a fachada quebrada da casa que alguns também chamam de “casa bomba”.
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Projeto
Pavilhão Desportivo da Escola Secundária Eça de Queirós
Localização
Póvoa do Varzim, Portugal
Arquitetura
Arquiteto responsável
Avelino Oliveira
Colaboração
Catarina Ferreira; Elina Briede; Gil Brito; Jorge Toscano; Juliana Cruz; Levi Barros; Ricardo Soares.
Coordenação técnica em obra
César Lima Costa
Engenharia
ALCEPI, PMT
Projeto Luminotécnico
L2M
Acústica . Hidráulica . Térmica
PMT
Identidade Visual
OVAL
Fotografias
Área total construída (m2)
2 273,00 m2
Ano de conclusão da obra
2022
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