POC Santa Luzia – A observar e controlar uma barragem, rodeado por cristas quartzíticas (ou rochosas), na Pampilhosa da Serra.
O âmbito deste projeto consistiu na conceção de uma instalação industrial para a EDP, uma empresa global de energia, para servir de base para a observação e controlo de uma barragem, em caso de emergência.
Localizada na Pampilhosa da Serra, no interior de Portugal, esta área é definida por uma elegante barragem em arco de betão, com 76m de altura e 115m de comprimento, um amplo reservatório de água e imponentes formações quartzíticas que se fundem com a barragem.
Tendo em conta os enormes constrangimentos existentes para a implantação deste edifício – topografia muito acidentada, reduzida área disponível com boa visibilidade para os órgãos de descarga de água, interferência com os marcos geodésicos – a opção pela implantação do edifício recaiu numa zona localizada acima da via de acesso à barragem. Esta área encontra-se no final de um percurso e dispõe de vistas privilegiadas para a barragem e para a Albufeira da Barragem de Santa Luzia.
A opção por localizar o POC (Posto de Observação e Comando) em posição semienterrada teve como pretensão a adequada integração paisagística da nova construção, ficando a intervenção dissimulada no terreno, localizada sob o terreno e alinhada com um muro em granito. Da cota inferior, o volume é percetível através de uma grande abertura horizontal, que garante a adequada visibilidade dos espaços interiores para a barragem.
O acesso ao interior do edifício é feito através de longas escadas, que o interligam com a via de acesso. Estas levam a um pátio, que funciona aqui como a antecâmara de acesso ao edifício.
Com uma área interior de aproximadamente 35m2, o POC está dividido em 3 espaços: entrada, instalação sanitária, e sala de observação e controlo.
Esta sala dispõe de uma área para os quadros elétricos, uma grande mesa de reuniões com lugar para 12 pessoas e de uma secretária para colocação de computadores e outros equipamentos.
Materiais:
A sensibilidade da paisagem em que o edifício se inseriu, as limitadas acessibilidades ao local, tal como os apertados requisitos definidos pela Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC) para o enquadramento paisagístico da intervenção, levaram a que a construção fosse concebida e executada num sistema convencional.
O pressuposto de encaixar a volumetria na paisagem existente, sem chamar para si a atenção, levou à adoção de muros exteriores em betão bujardado a meio pico, tratamento que revela o agregado que o compõe. O muro de pedra que existia no local foi assim substituído por uma textura igualmente ‘dura’, que visou mimetizar as imponentes cristas quartzíticas de paisagem envolvente.
A arquitecta Zaha Hadid disse uma vez que “O que é interessante no betão é que parece inacabado”. Mas mais do que parecer inacabado, é um material que envelhece absorvendo a atmosfera envolvente, alterando e contextualizando melhor o edifício ao longo do tempo.
Preconizaram-se ainda três materiais/ sistemas de revestimento exteriores, com preocupações ambientais:
– terra vegetal na cobertura, na continuidade do terreno envolvente, permitindo o crescimento orgânico de vegetação na mesma e os consequentes efeitos positivos que esta tem para o ambiente;
– aço corten no armário exterior que alberga a bomba de calor e destaca, do exterior, a importância do pátio como a entrada principal;
– aço nas escadas e rampa, material 100% reciclável e de elevadíssima durabilidade;
– gravilha no pátio, 100% reutilizável e que permite a total infiltração das águas da chuva no
terreno.
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Projeto
POC Santa Luzia
Tipologia
Edifício industrial
Função
Posto de Observação e Controlo (POC)
Localização
Pampilhosa da Serra, Portugal
Promotor
EDP Energias de Portugal
Arquitectura
Pedro Geraldes
Equipa (EDP)
Arquitetura
Arq.º Pedro Geraldes
Estruturas
Eng.º João Gomes Cunha
Eng.º Artur Andrade
Engenharia Mecânica
Eng.º Miguel Roque
Engenharia Hidráulica
Eng.º Adriano Soares
Eletrotecnia e Comunicações
Eng.º Pedro Vieira Soares
Segurança
Eng.º Tiago Ferreira
Coordenação de projeto
Eng.º João Gomes Cunha
Construtor
Calado & Duarte
Fotografias
Paulo Alexandre Coelho
Área
49m²
Ano
2022
Alguns materiais:
– Paredes exteriores em betão aparente bujardado a meio pico;
– Pavimento em betão afagado queimado à colher;
– Cobertura com sistema de impermeabilização da Danosa e acabamento em terra vegetal; – Teto falso metálico interior da Gabelex, série K1-150 na cor branca;
– Caixilharias exteriores em alumínio da Sapa, série Slimslide/MW;
– Armário exterior para albergar bomba de calor em aço corten;
– Luminárias exteriores da Osvaldo Matos, série U45 de encastrar com acabamento em alumínio anodizado ref. 31045;
– Luminárias interiores de montagem suspensa da Osvaldo Matos, modelo tubo 70 transparente.