Reabilitação de um Sequeiro

O Sequeiro pré-existente localiza-se nos terrenos agrícolas de uma Casa de Lavoura do século XVII.

Rodeado de pomares, campos de milho, vinhas e junto ao curso do rio, o sequeiro insere-se numa paisagem bucólica e campestre dos cerca de 10ha da quinta.

Procurar dar ao edifício uma nova função revelando a sua história, foi opção do cliente reconvertê-lo em habitação, pois a sua função agrícola de secagem do milho há muito que deixou de existir. Em complemento ao alojamento na casa principal da quinta, o sequeiro alojará hóspedes ou parte da grande família que pontualmente se desloca em simultâneo para o local.

O sequeiro renasceu assim a partir de uma reinterpretação da arquitetura vernacular minhota, preservando a sua essência.

Manter a estrutura de madeira e composição do alçado era o princípio: pavimento de pinho local, as paredes de granito, os cinco vãos em ripado de madeira pintada e a cobertura de duas águas em telha lusa. Introduziram-se elementos pontuais em zinco e isolamento térmico na cobertura; juntamente com a grande espessura das paredes de granito, a inércia térmica está assegurada.

Interiormente, a pedra e a madeira mantiveram o protagonismo, acrescentando-se a caiação pontual para o tornar mais luminoso. Sobre a estrutura de madeira recuperada, no sobre piso, criaram-se dois quartos de dormir com instalações sanitárias. O mobiliário é quase todo reutilizado, retirado de velhos armazéns da quinta.

Os materiais são locais, naturais, quase crus e a aparente ausência de detalhe transporta-nos para a arquitetura simples dos edifícios agrícolas. A casa do Sequeiro é desprovida de ornamentação, rigorosa e minimal na sua linguagem, tal como quando foi concebida.

Recuou-se a nova caixilharia, composta por vãos envidraçados deslizantes. As portadas, outrora desenhadas para proporcionar boas condições de ventilação para a secagem dos cereais, proporcionam agora também subtis variações de luz no interior.

A recolha integral das portadas, juntamente com o envidraçado total dos vãos, permite usufruir da velha eira lajeada de granito, agora pátio para o qual se abre todo o espaço interior.