– Urbanisticamente, o terreno encontra duas escalas distintas. A Norte, uma escala de edifícios de quatro e cinco pisos, a Sul pela interceção de uma via de acesso ao parque do Rossio, após a qual a escala muda para uma cércea de dois pisos e tipologia de moradia unifamiliar. De modo a não existirem empenas planas e rígidas e tentando relacionar com as várias influências da envolvente, assumimos uma rotação dos pisos levando esse deslocamento a quatro alçados distintos e que provocam movimentos e jogos de sombra particulares. Esta rotação permite fazer um jogo de vivências distintas na qual as orientações dos apartamentos vão sendo diferentes e com pontos de vista diferentes no contato com a paisagem envolvente.
O desenvolvimento do edifício acompanha no piso térreo o ângulo que o lote descreve a nascente, iniciando a partir desse ponto as torções do corpo das habitações, assumindo-se o corpo das comunicações verticais como o elemento agregador e que fecha a frente de rua de uma forma regular, mas que através do seu material de revestimento, visualmente permeável, deixa perceber o desenvolvimento do edifício nos restantes alçados.
A proposta desenvolve-se de forma transversal ao terreno permitindo um maior aproveitamento da exposição solar bem como uma menor necessidade de movimento de terras.
A forma assumida, está assente numa compreensão do local e de toda a sua envolvente, sendo que o piso térreo procura uma relação mais honesta com o terreno à cota baixa, assumindo-se de forma regular em relação à frente de rua, e permitindo assim que os outros pisos fossem refletindo as várias influências da envolvente criando assim pontos de enquadramento distintos para cada um dos pisos e das habitações dando-lhes assim um carácter único e distintivo, sendo cada habitação um elemento com identidades e características próprias. Este jogo de volumes provoca não só enquadramentos de paisagem distintos, mas também permite espaços exteriores singulares, visto esse espaço estar sempre intimamente ligado à relação entra a cobertura do piso inferior e a laje de pavimento do superior.
Neste contexto a caixa de escadas e as comunicações verticais assumem um papel importante pois definem a frente de rua, agregando todos os pisos e estabilizando um alçado bastante marcado pelo movimento e tensões resultantes dessas torções.
A proposta contempla um programa com 4 habitações T2 e duas habitações T3. No que diz respeito às habitações T2, todas elas desenham as suas circulações no interior do piso, deixando assim sempre a zona de fachada para as divisões, permitindo o seu contacto com a paisagem e integrando-a em todas as divisões como parte da decoração.
O mesmo conceito de integração da paisagem foi transposto para a tipologia T3 sendo que neste caso o facto de ocupar todo o piso permite que a circulação logo após o átrio de entrada na habitação defina claramente o espaço mais público e mais privado da casa, resguardando este último.
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Projeto
Localização
Amarante, Portugal
Promotor
Privado
Arquitetura
Arquiteto responsável
João Abreu
Colaboração
João Vasconcelos
Bruno Soares
Fotografia
Área
Ano projeto
2015
Ano conclusão
2020
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