E se … baixo se tornasse alto?
O programa consistia em desenhar um espaço que permitisse criar as condições ideais de trabalho para o pessoal e, simultaneamente, reflectisse o espírito dinâmico, descontraído e jovem da empresa. O Projecto ocupa um piso inteiro da Imperia Tower, um arranha-céus em Moscow City.
O primeiro desafio surgiu quando inicialmente visitámos o local e nos demos conta de que alguns dos pisos da torre estavam previamente construídos para ser hotel. Isto explica o baixo pé-direito e a inexistência de pisos elevados, ideais para o uso como espaço de escritórios. Tentámos então responder à questão…” Como fazer um espaço parecer mais alto do que na realidade é?”
Enquanto procurávamos responder a esta questão, acabámos por resolver o problema inicial e uma série de outras questões adicionais, repensando o tecto. Criámos um tecto inovador e singular que faz não só o espaço parecer maior (mais alto), mas que ainda faz desaparecer os elementos desagradáveis que existem habitualmente nos tectos tradicionais.
O resultado é um “filtro visual” horizontal que assenta numa matriz composta de discos, onde a iluminação e saídas de ar condicionado são colocados de acordo com a necessidade. Atrás deste filtro temos todos os mecanismos técnicos que ficam ocultos, tais como detectores de incêndio, condutas de ar e outros aparelhos que possam surgir.
O tecto é feito de elementos circulares brancos (discos) que formam uma superfície contínua, unificando o espaço e reflectindo a luz natural. A luz artificial é conseeguida clicando nos discos luminosos de acordo com a intensidade de luz que se pretende em torno de um local em particular. Também as saídas de ar condicionado ficam completamente integradas no sistema do tecto, substituindo os discos por saidas de ar com diametro equivalente. O resultado é um sistema flexível de discos suspensos substituíveis, que permitem um fácil acesso às infraestruturas que oculta, enquanto minimiza os efeitos de um tecto mais baixo.
Se tivéssemos usado um tecto falso contínuo, habitual em escritórios, o espaço teria ficado constrangido e claustrofóbico, mas em vez disso percepciona-se maior e arejado, enquanto cumpre todos os requisitos de performance necessária num habitual tecto de escritórios. Dos protótipos iniciais em Innsbruck, Áustria até à actual produção em Ankara, Turquia, o resultado é uma resposta à medida, ao problema inicial, resultando no principal elemento estético deste espaço.
Tal como para o espaço em si mesmo, o escritório organiza-se em torno de um corpo central de serviços, que funciona como núcleo entre departamentos. Os percursos de circulação em torno deste cerne são enfatizados pela superfície contínua de madeira que é de vez em quando interrompida, escondendo secretamente unidades de armários e aberturas de portas.
Para além da parte estética do espaço, foram pensados espaços-chave para o pessoal promovendo o bem-estar e a produtividade. Criam-se espaços como “salas de silêncio” para melhorar a concentração, as pequenas salas para reuniões informais, não planeadas. Os elementos de ruído são remetidos para o open-space e é criado um espaço lounge, onde a equipa se conhece e compartilha as suas experiências.
O espaço é ocasionalmente interrompido pelas bubbles de vidro que contrastam com as referências circulares envolventes. Estas bubbles acolhem os directores e salas ruidosas, num ambiente insonorizado. Os pictogramas da sinaléctica acrescentam um toque de cor num ambiente calmo e neutro.
Este é um projecto com soluções à medida, do tecto aos espaços especiais, culminando num confortável ambiente de trabalho que promove alegria e produtividade.
http://www.p-06-atelier.pt
http://www.vural.ru
Arquitectos
Pedra Silva Arquitectos, Luis Pedra Silva e Maria Rita Pais
André Góis, Dina Castro, Hugo Ramos, Hugo Ferreira, João Alves, Paulo André, Ricardo Sousa
Design Gráfico
P06
Moscow, Russia
Área
3370m2
Empreiteiro
VURAL
Carpintarias e Alvenarias
BEC
OWD
Início
2012
Conclusão
2014
Fotografia
Fernando Guerra – FG+SG Fotografia de Arquitectura