O pavilhão temporário VIATICUS é uma resposta ao lugar onde se insere, o pátio poente do edifício da Cordaria Nacional, mas também uma reacção ao contexto cultural, uma vez que o seu propósito é receber os visitantes de uma das mais importantes feiras de arte mundiais, a ARCO.
Para tal, considerou-se a possibilidade de uma proposta arquitectónica que conceptualmente fosse capaz de inverter as características tipológicas do pátio ao explorar a sua relação com a cidade. Sabemos que a ideia de pátio remete para uma tipologia introspetiva por excelência e centrada em si mesma, por oposição a uma torre, que expressa na sua verticalidade uma intenção de ver e ser vista. Um elemento que simultaneamente vive para dentro e para fora.
Propõe-se então uma estrutura. Dir-se-ia, melhor, uma superestrutura. Um sistema único capaz de absorver e integrar três escalas distintas: a escala do público, onde as pessoas convivem, comem e descansam; a escala do monumento, onde o evento se faz anunciar à cidade; e a escala do doméstico, onde as zonas privadas de bastidores asseguram o êxito do evento. Nesta lógica, a torre surge como o elemento charneira, que compatibiliza as três escalas e simultaneamente as três funções: é aqui que o público dialoga com os funcionários enquanto apreciam a verticalidade do espaço e a peça dourada criada especificamente pelo artista Carlos Nogueira.
O projecto consiste numa estrutura longitudinal com a proporção de 1:10 em planta (3 metros de largura e 30 de comprimento) que acentua a forma longitudinal do pátio existente, com a proporção de 1:20. Esta dialética entre a tipologia do pátio e da torre parece propor uma leitura de opostos, quase provocatória e inesperada durante os dias da ARCO. No entanto, o projecto nasce de maneira umbilical com o edificado existente. Isto é, a estrutura virtual de cubos com 3x3x3 nasce de uma métrica de 1.5×1.5×1.5, que estrutura as fachadas do edifício da cordoaria. Por outro lado, os 3 metros de largura criam uma relação directa com a escada de pedra existente, um dos elementos mais significativos do espaço envolvente.
Esta ordem estrutural surge como cenário de diferentes acontecimentos e propõe uma relação directa entre a estrutura resistente e a estrutura espacial, posteriormente coberta por um conjunto de elementos têxteis que definem a zona de sombreamento e criam novas tensões espaciais: a tela desce gradualmente, criando um efeito de perspetiva vertical e uma relação inversa às escadas existentes, que ajuda a preparar e enfatizar a monumentalidade da torre. Estes elementos de sombra criam novos espaços informais e orgânicos que contrastam com a rigidez da estrutura.
O elemento vertical dourado, que nasce da cota do pavimento e resolve o remate superior da torre, é fruto de uma estreita colaboração com o artista plástico Carlos Nogueira e acentua a presença simbólica do conjunto.
Pavilhão Viaticus
Localização
Av. da Índia, 1300-598 Lisboa, Portugal
Cliente
ARCOlisboa (Ifema), Trienal de Arquitetura de Lisboa
Arquitetura
Atelier JQTS
Equipa
João Quintela, Tim Simon
Colaboração
Escultor
Carlos Nogueira
Engenharia
Daniel Maio
Parcerias
Aresta Renovada
Nomalism
A. Silva Serrelharia
Área
300.0 m2
Ano do projeto
2018
Fotografias
Diana Quintela