O Projeto de Intervenção na Villa Chiado refere-se a um edifício localizado na Calçada do Combro, inserido na zona histórica da cidade de Lisboa.
A abordagem de reabilitação deste edifício procurou resgatar a sua essência, concentrando-se na recuperação e manutenção integral do alçado principal, preservando todos os elementos singulares como cantarias, gradeamentos e azulejos. No plano tardoz, devido à fragilidade e extrema degradação, desenvolveu-se um importante processo de estabilização e consolidação da fachada, valorizando-a através da incorporação de varandas metálicas, uma referência à arquitetura do ferro do século XIX.
Antes do processo de intervenção do edificado, apesar do aparente estado razoável de conservação, o seu interior evidenciava um estado de degradação bastante avançado, com diversas e importantes vulnerabilidades estruturais e não-estruturais que comprometiam a salubridade, segurança e bem-estar.
Semelhante a inúmeros edifícios da cidade de Lisboa, muitas das anomalias construtivas provinham de ausência de manutenção e conservação ao longo de anos, e que se manifestava na fissuração das paredes, apodrecimento de vigamentos, etc. Face à diversidade, dimensão e gravidade das patologias, considerou-se a completa transformação e posterior reconstrução dos espaços interiores com salvaguarda das referências pré-existentes, adaptando-o a um novo programa de forma a atender às expectativas do cliente.
Mantendo o caráter habitacional existente e melhorando significativamente a acessibilidade, a salubridade e habitabilidade das frações, nos pisos superiores dispôs-se duas frações por piso, um T0 e um T1, de dimensões ajustadas a um uso turístico, previsivelmente por casais ou jovens famílias com crianças que procuram espaços mais práticos, centrais e com todo o conforto de um apartamento para experienciar a vida de bairro. Na nova organização dos apartamentos, a sala e cozinha partilham um espaço mais amplo, numa lógica permeável e de espaço comum. Num conceito contemporâneo, a cozinha abre-se para a sala e participa dela. A tipologia T1 do último piso sofre uma ligeira alteração em relação às dos pisos inferiores. Com a possibilidade de utilização do espaço disponível em sótão, criou-se um acesso interno neste apartamento para criar um duplex e colocar o quarto nesse espaço sobrante.
Na zona de acessos e circulação, reestruturou-se a caixa de escadas, instalou-se um elevador, redimensionou-se os degraus e substituiu-se a claraboia, conseguindo-se assim um prolongamento da luz natural.
Em termos da materialidade, optou-se por uma abordagem inevitavelmente contemporânea com referências à época original do edifício onde se destaca o pavimento em madeira em ‘tábua corrida’, as cantarias em pedra lioz com acabamento areado, ou as mansardas em zinco cinzento. Esta nota de diálogo com a pré-existência é sublinhada pela recuperação e destaque do átrio principal em que se aplicou pavimento em pedra lioz, e dois arcos no mesmo material que marca o momento de entrada no edifício.
A par do projeto de arquitetura, tudo foi projetado e concretizado com o intuito de implementar critérios de utilização e durabilidade, no que se refere às necessidades térmicas e acústicas, ao desempenho estrutural e antissísmico, e à atualização das redes de infraestruturas que originasse um novo edifício devolvido à cidade.
A preservação da autenticidade do edifício original e as ligações à arquitetura local foi uma das premissas do projeto. Neste sentido, a intervenção contribuiu para uma valorização urbanística do local.
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Projeto
Villa Chiado
Localização
Calçada do Combro nº35, Lisboa, Portugal
Uso
Habitação
Arquitetura
Pedro Carrilho Arquitectos
Fotografias
Ivo Tavares Studio
Área
500 m²
Ano
2023