WHERE IS THE TOILET, PLEASE?

Categorias: Religiosos

Umas instalações sanitárias num cemitério parece não ser o mais apelativo dos projetos. Nem pelo programa. Nem pelo Sítio. Nem pelo orçamento. Para nós, foi entusiasmante!

Tínhamos ali entrado algumas vezes, sempre desconfortáveis, a olhar para o chão para não tropeçarmos nos caminhos estreitos entre as grandes pedras de mármore.

Por isso, quando nos propuseram a reabilitação das casas de banho existentes, foi como se entrássemos naqueles portões pela primeira vez. Percebemos as hierarquias, as ruas, os caminhos, o largo, a igreja, as entradas, as saídas, as árvores, as pedras, e os canteiros verdes; que bonitos e organizados!

O edifício (existente) era enorme e descontextualizado. Só coberturas, palas, mesmo ali amarradas à capela. Um sacrilégio logo ao entrar do lado sul daquele espaço.
Tudo o que fizemos foi reduzi-lo. Reduzi-lo em tamanho e informação. Um exercício de abstração para gerar um objecto abstracto: sem portas, sem janelas, sem telheiros ou alpendres. O revestimento em azulejo surgiu de forma natural. E verde. O objecto devia identificar-se
mais com os elementos naturais, e menos com os construídos, deixando que a igreja, ali tão próxima, se evidencia-se.
Para isto, o azulejo devia revestir todo o edifício, fachadas, cobertura, tornando o objecto unitário e neutro. Mas depois surge a realidade: a técnica e a económica – e ainda bem.

A equipa de trabalho não tem experiência na aplicação de azulejo? Fica caro e é lento? O desenho resolve! Acrescentam-se rebocos, minimiza-se a exigência das zonas em curva, optimizam-se as estereotomias, simplifica-se a cobertura: um trabalho de detalhe, resolve-se um problema de cada vez.

As entradas fazem-se através dos negativos existentes. A sul, projecta-se a entrada para os novos espaços de apoio aos funcionários do cemitério. A norte, faz-se a entrada principal, a partir da qual se chega a zona central, um espaço ambíguo entre o interior e o exterior, enfatizado pela luz natural e pelo pavimento em calçada portuguesa, prolongamento dos passeios envolventes ao edifício. Neste espaço situam-se os lavabos, e funciona como charneira comum entre as instalações femininas, masculinas e acessíveis.
Um edifício sem tecnologia: o vento desumidifica e renova o ar, potenciado pela orientação norte sul.
Estruturalmente a cobertura desenvolve-se em vigamento de madeira, com uma velatura branca, que assenta sobre as paredes pré existentes. Todos os interiores são brancos e com iluminação natural através de clarabóias, reforçando o conforto lumínico. Grandes bancadas em mármore (material familiar ao recinto) desenham os lava-mãos.
Um pouco mais à frente, desenhou-se um queimador de velas em chapa de ferro pintado a negro, robusto e resistente, mas com um desenho delicado.
No conjunto, estes dois objectos reforçam a rede hierárquica do cemitério, não deixando de ser, pela sua escala, e pela sua unidade sintética, mais um dos seus “saleiros e pimenteiros”.
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FICHA TÉCNICA

localização

 

Ílhavo – Portugal 
autores
M2.senos (Ricardo Senos, Sofia Senos) 

construção (inicio) 
2016 
construção (fim)
2017
projecto
2016 
categoria 
equipamento/infra
Programa
reabilitação das instalações sanitárias de um cemitério 
área
85m2
Construção 
trabalhadores da Junta de Freguesia de S. Salvador 

fotografia
Nelson Garrido

MARCAS E MATERIAIS
Portilame estrutura em madeira da cobertura – http://www.portilame.com/pt/

Primus Vitoria azulejo verde http://www.primusvitoria.com

Adriazul louças sanitárias http://www.adriazul.pt


Weber, Saint Gobain colas, argamassas e rebocos http://www.weber.com.pt

VELUX Portugal clarabóias http://www.velux.pt

Geberit Portugal tecnologia sanitária http://www.geberit.pt

FOTOGRAFADO POR
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