Quando Alexandre Alves Costa volta o seu olhar para os anos em que se fez arquiteto, entre a Escola Superior de Belas Artes e o estágio no LNEC, entre o Porto e Lisboa, entre Távora ou Siza e Nuno Portas, não hesita em afirmar o seu sentido de pertença à geração da heterodoxia, que tinha em Eduardo Lourenço o seu grande ideólogo. E devolve-nos, quando o ouvimos, uma leitura muito pessoal dessa década, os anos sessenta em Portugal, de onde transparece uma procura consciente de apreensão da realidade “real” do país que era e é o seu, aliada a uma inquebrantável vontade de mudança, de construção de um tempo novo. Nesse reencontro com o passado, vai reconhecendo a existência de um lado solar, desse espaço de liberdade habitado por um sentimento de esperança transversal, para além da arquitetura, aos domínios da poesia e do cinema. São referências e memórias interpretadas a partir da sua própria experiência, sensibilidade e idiossincrasia, num encantamento pelo mundo na riqueza da sua globalidade.
Alexandre Alves Costa nasceu a 2 de fevereiro de 1939. Para assinalar o seu aniversário, a Fundação Marques da Silva recuperou a entrevista dada a Luís Urbano, em 2014, no âmbito do projeto CIRCA 1963. É que como o próprio refere a propósito da Viagem ao Princípio do Mundo, de Manoel de Oliveira, outra das suas grandes referências, apropriando-se das palavras de Eduardo Lourenço, nela “não lemos o passado, lemos sempre o futuro”. Parabéns, Senhor Arquiteto!