No seguimento das cavalariças convertidas em habitação de uso ocasional, em 2012, o projeto da Casa Mãe corresponde à segunda fase de uma estratégia que visa requalificar e valorizar o “Sítio da Lezíria” – uma antiga propriedade agrícola em Alcácer do Sal.
Inscrito numa lógica que procura conciliar o exercício da reabilitação e recuperação da construção existente, com a adaptação e adequação a novas possibilidades de uso e apropriação através da introdução de um novo corpo na continuidade do existente, o projeto testa a possibilidade de fundir dois tempos num tempo só, sobrepondo-lhe uma espacialidade, materialidade e identidade novas.
O desenvolvimento do projeto sustenta-se, assim, em dois eixos fundamentais:
Pela via da reabilitação e recuperação, de modo a reinterpretar e reforçar a matriz senhorial da edificação. Um caráter que é revelado pela sucessão de espaços exteriores que vão construindo o acesso à casa, pela linearidade das suas fachadas compostas pela repetição regular de vãos tornando evidente a presença do volume construído, pelo alinhamento sucessivo de compartimentos comunicantes entre si, pela presença de grandes chaminés, ou ainda pela generosidade do pé-direito no interior, e que o projeto procurou realçar.
E por meio da construção de um novo volume que remata o lado sudeste da construção, anteriormente ocupado por um conjunto de volumes precários e clandestinos, ao mesmo tempo que potencia uma nova liberdade na distribuição e organização do espaço interior.
Distribuição Programática. Do ponto de vista programático, a distribuição dos espaços tem em consideração a estrutura de madeira e a sua métrica e resulta dos seguintes princípios:
1) A cozinha e a sala de refeições representam o coração da casa e é a partir deste grande espaço, de natureza centralizadora, que derivam todos os demais compartimentos. O caráter social e aglutinador deste espaço é reforçado pelo seu volume interior e pelo prolongamento para o exterior da zona de estar e de refeições, através da incorporação de uma pérgula a sudoeste, que ativa e promove as relações entre a construção e a paisagem;
2) Na fachada eminentemente orientada a norte concentram-se o hall de entrada assim como o núcleo de serviços e áreas de apoio: I.S. social, lavandaria e arrumos;
3) A área que acomoda os dois quartos é incorporada no novo volume que se organiza em torno de dois pátios, a partir dos quais se organizam as instalações sanitárias, permitindo dotar cada uma das suites de um espaço exterior de uso contido e reservado.
Materialidade. Do ponto de vista da caracterização do espaço, exterior e interior, a intervenção passa por recuperar técnicas construtivas e materiais tradicionais tais como: o barro, usado na cobertura e no pavimento; a cal, aplicada nos paramentos exteriores; o mosaico hidráulico, a demarcar alguns dos espaços de carácter mais excecional e transitório; e ainda a madeira, já existente e recuperada no pavimento do grande salão de estar, o compartimento que sofreu menor intervenção.
Como elemento adicional de composição do novo volume foi explorado o desenho de um elemento vazado (tipo cobogó) usado na fachada sudeste da construção de modo a permitir um jogo entre luz e sombra que anima os pátios e os espaços contíguos no interior.
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Projeto
Casa Mãe
Localização
Alcácer do Sal, Portugal
Arquitetura
Líder do Projeto
Filipe Rodrigues
Equipa
Filipe Rodrigues, Inês Vicente, Marta Frazão, Emmanuel Novo, Joana Melo, Francisco Libório, Filipa Neiva, Rafael Gomes
Engenharia
NCREP
Construção
Civilsul
Fotografias
Área
348 m²
Ano
2021