O renovado Cineteatro Alba é um elemento marcante na cidade, com muita importância no imaginário da população residente e com uma localização privilegiada no centro urbano.
O papel do arquiteto nesta intervenção foi, em primeiro lugar, compreender esta atividade psicológica do edifício, fazer uma triagem dos aspetos ou elementos de inegável valor arquitetónico e fazer uma remodelação profunda de forma a cumprir os requisitos de qualidade construtiva e funcional, características de um equipamento desta natureza nos dias atuais.
É um edifício de quatro pisos que, pelas suas características e valências, é dotado de flexibilidade e polivalência para apresentar uma programação regular e transversal aos diversos públicos. O Cineteatro Alba é um espaço de fruição cultural, que reúne todas as condições para o acolhimento de projetos artísticos e eventos culturais onde o público pode usufruir dos diversos ambientes, assumindo-se como o ponto de encontro da cidade de Albergaria-a-Velha.
A renovação de um lugar impregnado de história, cuja construção original remonta a 1950, permitiu devolver à cidade de Albergaria-a-Velha um dos seus espaços mais emblemáticos e agregadores. O desafio da reabilitação de um espaço cultural com mais de 60 anos, conjuntamente com a criação de novas áreas dentro do espaço reconstruído, foi uma experiência altamente enriquecedora para todos os intervenientes.
Numa fase em que a recuperação e a reabilitação do património edificado começa a ter um papel relevante, a madeira é uma opção construtiva válida neste campo, cuja qualidade e versatilidade podem enriquecer a intervenção arquitetónica.
Nesta reabilitação urbana a madeira assumiu um papel de destaque em revestimento de paredes, pavimentos, tetos e em algumas soluções estruturais. A madeira foi um material imprescindível para materializar a imagem estética, o conforto térmico e a eficiência acústica idealizados para este edifício, fazendo deste material uma presença constante na obra.
A nova solução arquitetónica baseou-se numa estratégia de intervenção orientada segundo três aspetos fundamentais: restauro e preservação de aspetos ou elementos de inegável valor arquitetónico, estético e construtivo; remodelação profunda de áreas existentes; e ampliação do antigo edifício, com construção de raiz.
O projeto pretendeu conciliar harmoniosamente duas linguagens arquitetónicas distintas, assumindo um carácter contemporâneo baseado em linhas simples e minimalistas mas com profundo respeito pelo existente.
A nova construção pretendeu transmitir uma simplicidade formal e ao mesmo tempo destacar-se como elemento simbólico estruturante do tecido urbano, de modo a não provocar impactes visuais ou ambientais negativos. Pretendeu apresentar uma imagem bem identificada do ponto de vista volumétrico e da linguagem arquitetónica.
A frontaria do edifício foi preservada, sofrendo apenas obras de restauro. A imagem antiga foi respeitada e beneficiada, mantendo o alçado principal que caracteriza o projeto inicial dos anos 50 do século passado.
A sala de auditório foi mantida mas sofreu uma profunda remodelação interior. Para além de trabalhos de beneficiação, foram construídos uma nova caixa de palco e um novo volume para os espaços técnicos e complementares de apoio.
A construção nova destaca-se harmoniosamente no conjunto, onde uma “caixa de madeira” e um volume revestido de zinco comunicam esteticamente com as pré-existências.
O alçado norte do edifício alberga o elemento “surpresa” da nova solução arquitetónica. Destaca-se a projeção de um volume sobre a avenida, alargando o átrio superior do edifício e criando um elemento suspenso com enfiamentos visuais para a Avenida Dr. José Homem de Albuquerque e para a Praça da Alameda.
A nova solução arquitetónica contemplou a preservação e restauro das cadeiras “Alba” existentes no balcão. Contudo um dos desafios aliciantes foi desenhar uma nova cadeira para a plateia. O respeito pelo desenho existente e a sua conciliação com uma nova linha contemporânea, projetada especialmente para este auditório, foi uma mais-valia para a obra. A sua construção fundamentou-se em peças de madeira de freixo com estrutura interior de aço inoxidável e forro de assento em tecido de cor vermelha, à semelhança da cadeira original. A perfuração acústica do painel que compõe o assento complementa a composição estética do conjunto, onde a madeira se destaca como imagem de marca.
Projeto finalista do “Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2013”
Projeto
Local
Alameda 5 de Outubro, Albergaria-a-Velha
Dono de Obra
Município de Albergaria-a-Velha
Arquitetura
Estabilidade e Betão Armado, Rede de Abastecimento de Água, Redes de Drenagem de Águas Residuais e Pluviais
Pedro Santiago, Engenheiro Civil
Infraestruturas Elétricas e Telecomunicações
Licínio Alegre, Engenheiro Eletrotécnico
Instalações Mecânicas para AVAC, Estudo de Comportamento Térmico (RSECE) e Rede de Gás Natural
Telmo Costa, Engenheiro Mecânico
Mecânica de Cena
João Aidos, Engenheiro
Acústica
Diogo Mateus, Engenheiro Civil
Segurança Contra Incêndio
António Correia, Engenheiro Eletrotécnico
Mural Cerâmico
Paulo Júlio, Artista Plástico
Fiscalização
Miguel Mandim, Engenheiro Civil
Fourempor
Direção Técnica
Rogério Azevedo, Engenheiro Civil
Construtor
Lúcios, Engenharia e Construção
Fotografias
Arquivo Rui Rosmaninho
Execução de Projeto
2009
Execução de Obra
2010/2012
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03-alba-planta-do-piso-2
04-alba-seccao-longitudinal
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06-alba-alcado-lateral-esquerdo
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