Embaixada do Egipto

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A nova Embaixada da República Árabe do Egipto localiza-se no Bairro do Restelo em Lisboa, num lote na Avenida Dom Vasco da Gama, tipologicamente caracterizada por uma série de moradias dos anos 40 e 50, muitas das quais foram gradualmente convertidas em espaços de representação diplomática.

 

O edifício de embaixada é aquele que por excelência incorpora a noção de identidade nacional.  É tanto um porto de abrigo e um refúgio seguro dos seus concidadãos, como é a representação externa do Estado ao mais alto nível.  Deve combinar a ideia de acolhimento e segurança, com os valores simbólicos da história do país e da sua cultura.  Neste caso, a compacidade do volume resultante das restrições regulatórias do lote serviu como metáfora do projecto, evocando a tradição fundadora do Egipto em toda a sua emanação estereotómica; a qual por sua vez enfatiza uma certa ideia de solenidade, um elemento essencial do protocolo da embaixada.

 

 

Neste contexto, o edifício funciona como um monólito composto por três lajes expressivas em betão aparente intercalado por uma massa de baixos-relevos discretamente evocativa dos padrões geométricos da antiguidade egípcia.  Seguindo o princípio clássico da trave e intercolúnio, estas paredes são interrompidas em posições específicas para a abertura de vãos.  No andar superior, os cunhais recuam formando varandas rectangulares numa sequência
de rotações orientadas de esquina para esquina.  A cor antracite do pigmento nos painéis de betão GRC realça a monumental gravitas do conjunto que
simultaneamente contrasta com a leveza dos caixilhos, em aço galvanizado metalizados à cor bronze.

 

 

A clareza dos circuitos públicos e privados, assim como a total visibilidade e controle no acesso dos visitantes, foi um dado essencial no desenvolvimento do conceito e da própria implantação do edifício.  Posicionado ao centro do lote e rodeado por um estreito jardim, na tradição Lisboeta dos palacetes do séc. XIX, o acesso automóvel é feito a partir da Avenida Dom Vasco da Gama, através de uma rampa suave.  No lado oposto, uma ortaria de segurança vigia e filtra o acesso público respectivamente, à embaixada e ao consulado.

 

 

No interior, a escolha de materiais nobres e simples reflectiu a preocupação de garantir um envelhecimento digno, além da reduzida manutenção.  Nesse sentido, as áreas públicas são em grandes lajes de mármore branco com lambris e apainelados em madeira maciça lacada.  Por último, a uma monumental escadaria liga os três pisos numa logica teatral que se sugere quase como um cenário Wagneriano, sendo revestida a prumos de madeira maciça que migram dos degraus e das guardas para as paredes, formando um único painel envolvente.  Este núcleo central é por sua vez coroado por uma claraboia em caixotão, cuja luz é filtrada por um tecto suspenso em padrões islâmicos de onde emana uma luz caleidoscópica que recorta diferentes jogos de sombras ao longo do dia.

 

 

 

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FICHA TÉCNICA

Localização
Avenida Dom Vasco da Gama, Lisboa, Portugal

Cliente
EBFA (Egyptian Building Fund Authority)

Projecto Arquitectura e paisagismo
Programa Embaixada e serviços consulares

Área do Terreno

1,359 m2

Área Bruta de Construção

1,510 m2

Data

2010 (Concurso por convite, 1º lugar)

2017 (conclusão da obra)

 

Fotografia

João Morgado

FOTOGRAFADO POR
PDFS
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