
O City Cortex é um programa pioneiro de pesquisa cultural, que mobilizou sete arquitectos e artistas de renome internacional – Eduardo Souto de Moura, Elizabeth Diller, Dominic Leong, Gabriel Calatrava, Jessica Walsh, Stefan Sagmeister e Yves Béhar – em prol da construção das cidades do futuro e, privilegiando a sustentabilidade. Os autores criaram projectos originais para espaços públicos e semi-públicos, a partir da matéria-prima cortiça. O City Cortex é produzido pela Corticeira Amorim, com o apoio à produção da Artworks, curadoria de Guta Moura Guedes e desenvolvimento da experimentadesign.
Até final de Novembro, oito instalações de arquitectura e design em espaço público de arquitectos e designers de prestígio mundial estão expostas em Belém e na Trafaria, unindo as margens do Tejo.
O público é convidado para uma experiência imersiva, interagindo com as peças expostas e descobrindo as potencialidades de um dos mais sustentáveis materiais que a natureza oferece, a cortiça.
À beira do Tejo
As oito propostas criativas City Cortex inauguradas, estão instaladas nas zonas ribeirinhas das margens norte (Belém) e sul (Trafaria) do Tejo, criando um museu a céu aberto, onde a cortiça se destaca no espaço público.
Através de uma experiência imersiva, o público é convidado a conhecer as diferentes abordagens, assim como vivenciar, interagir e descobrir as inúmeras potencialidades da cortiça. Orientada pelo mapa disponível no site do City Cortex, a experiência pode começar tanto em Belém, como em Almada, onde se encontra a “Onda”, de Gabriel Calatrava – Collaborative Architecture Laboratory, que cria um espaço de lazer na Trafaria e, em parceria com a EDA – Ensaios & Diálogos Associação, convida a população a partilhar cadeiras que tenham guardadas e sem uso, reabilitando-as com a aplicação de cortiça, e disponibilizando-as no espaço expositivo. Uma acção participativa da comunidade local que promove a reutilização e a reciclagem.
As restantes sete peças estão instaladas em Belém, designadamente “Second Skin” (Diller Scofidio & Renfro), que promove uma biblioteca comunitária ao ar livre construída em árvores, “Life Expectancy” (Stefan Sagmeister), que reabilita o túnel pedonal de acesso ao Padrão dos Descobrimentos e enaltece as conquistas positivas da espécie humana, “Conversadeira II” (Eduardo Souto de Moura), um assento público que convida a uma conversa intimista entre duas pessoas, assim como a série “Cork Bottles” (Jessica Walsh), uma solução com sentido de humor para reduzir o ruído dentro de um restaurante ou outro espaço público/semi-público, invertendo os materiais, passando o vidro a ocupar lugar da rolha e a cortiça o espaço antes atribuído ao vinho na garrafa, “Humpbacks” (Stephan Sagmeister) que desenvolve um colchão flutuante ecológico produzido a partir de esferas de cortiça, tirando partido da propriedade flutuante do material, as cores usadas procuram sensibilizar o público para as ameaças ao crescimento da população mundial de baleias Jubarte no Oeste do Pacífico Sul, e incentivar hábitos mais sustentáveis. Importa ainda conhecer a “Port_All” (de Yves Béhar), inspirada na Torre de Belém, construída em 1519, e que propõe um momento de transição que vem reforçar a ideia de acolhimento que tão bem define o perfil da capital portuguesa. E, por fim, “Lily Pad” (de Leong Leong), que, inspirado pela ideia da cidade como espaço lúdico e de recreio, utiliza um aglomerado natural de cortiça para criar elementos esculturais que definem uma nova paisagem micro-urbana para um público de todas as idades, propondo uma nova paisagem sensorial, aberta à experimentação.
António Rios de Amorim, CEO da Corticeira Amorim, explicou que “através deste projecto, ambicionamos uma reflexão inusitada e interpeladora sobre a cortiça e a forma como pode aumentar a qualidade de vida nos espaços urbanos, promover a sustentabilidade e a interacção com o meio natural, fomentar a socialização das comunidades, promovendo e valorizando a utilização da cortiça no quotidiano dos designers e arquitectos do mundo.”
Museu a céu aberto – Percurso a pé
Comece em Belém, na Praça do Império, perto do CCB. Ao atravessar o túnel que permite transpor a linha do comboio a pé, passando da Praça do Império para junto do rio Tejo, olhe para o tecto e conheça a primeira instalação de Sagmeister & Walsh (1).
Dirija-se ao rio e vire para o lado do Atlântico, até ao Espelho d’Água, onde encontra mais uma intervenção desta dupla, na água (2). Ao seu lado está o Museu de Arte Popular*: aí encontra a terceira instalação de Sagmeister & Walsh (3).
Regresse até perto do túnel e, mantendo-se do lado do rio, caminhe até aos jardins do MAAT, onde estão as instalações de Yves Béhar (4), de Leong Leong (5) e, um pouco mais à frente, a peça de Souto de Moura (6).
Siga pela ponte pedonal na cobertura do MAAT e vire na primeira saída à esquerda. Desça a pequena rua e encontre o jardim com as intervenções de Diller Scofidio + Renfro (7).
Continue pela Rua da Junqueira, atravesse o Museu dos Coches e utilize a sua ponte pedonal para chegar de novo à margem do Tejo.
Em frente está o Terminal Fluvial de Belém: aí apanhe o barco que leva à Trafaria e à intervenção de Gabriel Calatrava (8).
© Diário Imobiliário
Fotos © Corticeira Amorim