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O projeto de reabilitação do Jardim Botânico de Queluz venceu, no passado dia 15 de maio, o Prémio da União Europeia para o Património Cultural / Prémios Europa Nostra 2018, na categoria Conservação, uma distinção que representa o reconhecimento internacional, ao mais alto nível, de realizações notáveis nos domínios da conservação, investigação, serviço dedicado e educação, formação e sensibilização.
A este prémio atribuído por um júri de especialistas independentes, a Parques de Sintra quer agora juntar o Prémio da Escolha do Público, e trazer para Portugal este galardão nunca conquistado por uma instituição nacional.
“Portugal nunca venceu este Prémio Escolha do Público, como tal apelamos aos portugueses que se unam a nós neste esforço conjunto de trazermos este prémio para este jardim e para Portugal”, apela o presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, Manuel Baptista.
A votação para o Prémio da Escolha do Público já está aberta, e decorre a nível europeu até ao próximo dia 10 de junho.
Para votar no Jardim Botânico de Queluz/ Parques de Sintra basta:
– Aceder ao site: http://vote.europanostra.org/
– Votar em três projetos por ordem decrescente (o projeto preferido deverá ser votado em primeiro lugar)
– Registar-se
– Confirmar a votação através do link recebido por email na caixa de correio eletrónico utilizada
Trabalhos de recuperação
Sucessivamente destruído por fenómenos naturais e abandonado, o Jardim Botânico perdeu a sua função original, tendo sido transformado em roseiral em 1940. Em 1984, na sequência das cheias de 1983 que afetaram fortemente esta zona, o jardim foi desmontado e transformado numa área ampla para picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Em 2012, a Parques de Sintra assumiu a gestão dos Jardins e Palácio Nacional de Queluz, tendo iniciado um exaustivo projeto de investigação histórica, com vista à possível reconstrução informada deste local.
“Este projeto foi bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido. Para isso recorreu-se a investigação arqueológica, à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente”, sublinhou o júri do Prémio Europa Nostra.
Os trabalhos incluíram a reconstrução de quatro estufas e o restauro e conservação de azulejos pintados e elementos em alvenaria, tais como a fonte ornamental e as estátuas circundantes, elementos que regressaram ao seu lugar original no jardim. O processo de recuperação incluiu trabalhos nos muros, nos pavimentos e a introdução de novos sistemas energéticos, de gestão de água e segurança. Foi ainda criado um projeto educacional e interpretativo.
No interior das estufas, e de acordo com os registos históricos encontrados, foram plantados ananases, produzidos em tempos para os banquetes de Queluz.
“O projeto é um excelente exemplo de colaboração interdisciplinar que envolveu também a comunidade local. A divulgação dos resultados foi forte e possibilitou a conclusão do projeto. Isto irá criar sensibilização quanto aos resultados e garantir a sua sustentabilidade”, acrescentou o júri.
Os meticulosos estudos e pesquisas de elementos arqueológicos e recuperados dos escombros, o exame detalhado das estruturas existentes e o absoluto respeito pela traça original tornam a reconstrução do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz num caso de estudo europeu, pela metodologia utilizada na reconstrução de um jardim histórico na sequência de um desastre natural.
O Jardim Botânico foi inaugurado em junho de 2017 e a sua reabilitação representou um investimento de 815 mil euros.
http://vote.europanostra.org