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Shigeru Ban, arquiteto japonês de 56 anos, é o vencedor do Prémio Pritzker da Arquitetura de 2014, o “Nobel da Arquitetura”, foi hoje anunciado em Chicago.
O júri do prémio, atribuído desde 1979 pela fundação Hyatt, quis com este galardão distinguir “um caso raro em todo o terreno da arquitetura” . Em seu entender os projetos do japonês são “elegantes e inovadores para clientes privados” e ao mesmo tempo “o mesmo design inventivo e habilidoso” é usado “para os seus amplos esforços humanitários”.
Ele próprio júri deste prémio, entre 2006 e 2009, Shigeru Ben é considerado um dos mais inovadores arquitetos do mundo e autor de edifícios como o Centro Pompidou-Metz, um centro artístico francês que, por causa da sua forma, é por vezes apelidado de “a Casa dos Estrunfes”.
Entre os trabalhos de cariz solidário e humanitário do japonês contam-se a catedral de Chruistchuch, cidade da Nova Zelândia abalada por um terramoto, em 2011. A estrutura é de cartão, em forma de triângulo, resistente à água, fogo e sismos.
“A força de um edifício nada tem que ver com o material. Os edifícios de betão caem com os terramotos mas os de papel não”, defende Shigeru Ban, cuja igreja de cartão em Taiwan, construída após o sismo em Kobe, continua ainda a ser utilizada mais de duas décadas depois.
No Ruanda, após o genocídio, construiu casas para deslocados. Também aí foi o cartão um dos materiais que utilizou. Após o sismo no Haiti, construiu meia centena de habitações provisórias para famílias de Porto-Príncipe e no Japão, após o tsunami de 2011 transformou fez casas de contentores de barcos e deu teto a 500 pessoas que a catástrofe deixou sem casa.
Para Shigeru Ban, que começou a usar papel reciclado em 1986, a arquitetura deve contribuir para melhorar a sociedade e não para fazer edifícios para as pessoas que têm mais dinheiro e são mais privilegiadas, disse, numa entrevista, que hoje foi citada pela agência Efe.
Natural de Tóquio, foi jogador de rugby e, em 1977, partiu para a Califórnia, nos EUA, com o objetivo de aprender inglês. Foi parar à Southern California Institute of Architecture e depois transferiu-se para a Cooper Union. Muito impressionado pela obra de Alvar Aalto, após uma viagem pela Europa, regressou a Tóquio em 1985 e começou a sua própria prática.
Em Portugal já houve dois vencedores do Prémio Pritzker: Álvaro Siza em 1992 e Eduardo Souto de Moura em 2011.
” Shigeru Ban é um arquiteto cujo trabalho incansável inspira otimismo. Onde outros podem ver desafios insuperáveis, Ban vê um convite à ação. Onde outros podem tomar um caminho seguro, ele vê a oportunidade de inovar. Além disso, ele é um professor comprometido que não é apenas um modelo para a geração mais jovem, mas também uma fonte de inspiração ” – . Júri do Pritzker 2014
Imagens
Curtain Wall House, Tokyo, Japan, 1995 | Shigeru Ban, arquiteto
Centre Pompidou-Metz, France, 2010 | Shigeru Ban, arquiteto
Catedral de Chruistchuch | Shigeru Ban, arquiteto
Paper Emergency Shelter for Haiti, Port-au-Prince, Haiti, 2010 | Shigeru Ban, arquiteto