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Aires Mateus e Carrilho da Graça, Arquitectos são os vencedores ex-aequo do Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura 2017, os foram vencedores foram anunciados hoje no Salão Nobre dos Paços do Concelho em Lisboa.
O Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura para o ano de 2017 distinguiu duas obras como vencedoras: o Edifício Sede EDP, do atelier Aires Mateus, e o Terminal de Cruzeiros de Lisboa, de Carrilho da Graça, Arquitectos.
A eles juntam-se quatro menções honrosas: o Palacete de Santa Catarina, de Teresa Nunes da Ponte, arquitectura; Lisbon Stone Block, de Souza Oliveira, arquitectura e urbanismo; Casa em Alfama, Matos Gameiro, arquitectos e Largo de Santos e vias Adjacentes, de 92 Arquitectos (João Almeida e Luís Torgal) e Victor Beiramar Diniz (arquitecto paisagista).
O júri responsável pela escolha das obras foi constituído pela Dr.ª Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, pelo Arq.º Jorge Catarino Tavares, Diretor Municipal de Urbanismo, em representação do Comissário Técnico-científico o Vereador do Urbanismo, pelo Arq.º Alberto Souza Oliveira, personalidade convidada pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, pelo Arq.º Francisco Berger, representante da Academia Nacional de Belas-Artes, pelo Arq.º Cândido Chuva Gomes, representante da Ordem dos Arquitetos e pelo Arq.º João Pardal Monteiro, representante da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
De 12 a 30 de Abril, será possível ver em exposição os seis projectos seleccionados pelo júri. A mesma terá lugar no CIUL – Centro de Informação Urbana de Lisboa, no Piso 1 do Picoas Plaza, de Segunda a Sexta-feira, entre as 10h e as 20h. Entrada livre.
Ainda em Abril, pode participar-se num programa composto por 2 conferências e 4 visitas às obras distinguidas feitas pelos autores das mesmas. Qualquer uma destas atividades tem entrada gratuita.
Nesta nova edição do prémio, a CML renova a cooperação com a Trienal de Arquitectura de Lisboa, iniciada com o anúncio dos galardoados com o Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura 2013-2016.
Iniciado em 1903, o prémio resulta da fusão, em 1982, do Prémio Valmor e do Prémio Municipal de Arquitetura, que fora criado em 1943. Tem como objetivo a promoção da qualidade arquitectónica e paisagismo, destinando-se a premiar obras totais de construção, remodelação ou recuperação, tendo sido mais recentemente alargado a intervenções no espaço público que contribuam significativamente para a valorização da cidade de Lisboa e para a salvaguarda do seu património. Reconhece, em partes iguais, o arquitecto autor do projecto e o promotor da obra.
LISTA COMPLETA DE VENCEDORES 2017
Vencedores ex-aequo
Sede da EDP
Tipologia: Serviços
Morada/Freguesia: Avenida 24 de Julho, 12 (Misericórdia)
Projeto de Arquitetura: Aires Mateus
Promotor: EDP Energias de Portugal
A história de Lisboa e do aterro conquistado à água ditaram a implantação dos corpos edificados, perpendiculares ao rio. À altura da instituição que representa, o conjunto projeta uma aparência elétrica e enérgica, que se transforma com a luz do dia e o local de onde é observado.
O conjunto é desenhado por uma única linha, que lhe atribui volume e expressão, sem perder leveza e permeabilidade. Estas lâminas de ensombramento — perfis metálicos revestidos a placas de cimento branco reforçado com fibra de vidro — respondem à necessidade de sustentabilidade energética do edifício e garantem a flexibilidade programática interior e o suporte dos vários pisos.
Os dois blocos de escritórios, com sete pisos, interligam-se por duas galerias sobrelevadas, nos extremos norte e sul do lote. Em contraponto, os espaços de maiores dimensões são enterrados — numa estrutura em betão armado subtérrea, podem ser encontrados os foyers, auditórios, salas de reuniões e exposições, e a cafetaria, sob os quais se escondem quatro pisos de estacionamento. Ao nível térreo, uma praça, pública mas institucional, é servida por um restaurante e uma loja de serviços que oferece funções complementares às da sede.
Terminal de Cruzeiros
Tipologia: Equipamento
Morada/Freguesia: Avenida Infante Dom Henrique (Santa Maria Maior)
Projecto de Arquitetura: Carrilho da Graça, Arquitectos
Promotores: APL – Administração do Porto de Lisboa e LCP – Lisbon Cruise Port, Lda
Edifício construído sobre o plano desafogado do aterro ribeirinho. As variações da sua morfologia albergam um programa diverso que o espaço público adjacente permite prolongar. Levantada do chão, a edificação transforma-se num miradouro entre o Tejo e Alfama. Cega do lado do rio, de onde se lê como um discreto embasamento pétreo da cidade, e vincando-se, do lado terra, apenas o suficiente para revelar os pontos de acesso. Uma nova porta de entrada para o turismo de cruzeiro.
O exosqueleto do edifício é materializado em betão branco com cortiça, com capacidade estrutural. Uma solução especialmente desenvolvida para aligeirar o peso do edifício, condicionado pelas fundações pré-existentes, a partir de uma ideia de Carrilho da Graça.
As funções do terminal são constituídas por estacionamento, no subsolo; entrega, processamento e recolha de bagagem, no piso térreo; e área de passageiros, no primeiro piso. Uma passerelle de 600 metros faz a ligação aos navios. Enquadrando o edifício, uma alameda arborizada antecipa uma evolução além do seu uso como gare marítima.
Menções Honrosas
Palacete de Santa Catarina
Tipologia: Serviços
Morada/Freguesia: Rua de Santa Catarina, 1–3 (Misericórdia)
Projeto de Arquitectura: Teresa Nunes da Ponte, arquitectura
Promotor: Eijrond Beheer B.V.
Este palacete destaca-se da envolvente pelas suas volumetria e qualidade formal, constituindo-se como um marco urbano que se abre uma vista desafogada sobre a Madragoa, até ao Tejo. O edifício oitocentista apresenta planta e sistema construtivo de raiz pombalina, posteriormente modificados. Respeitando o existente, o projeto acusa a contemporaneidade, utilizando um desenho depurado e rigoroso para adaptar-se ao seu novo uso enquanto unidade hoteleira.
Recuperam-se os espaços, enfatizando a racionalidade da compartimentação e a estrutura. Restauram-se os vários elementos com as técnicas e os materiais tradicionais, e demole-se a maior parte dos elementos espúrios recentes. Reconstrói-se o piso amansardado e adiciona-se um mirante em torno do lanternim da escada e um novo terraço. Refaz-se o novo edifício adossado à construção antiga, retomando o ritmo das fachadas. Um revestimento em lioz cobre a fachada nascente, fazendo a transição entre duas linguagens arquitetónicas, com estereotomia e desenho atuais.
Lisbon Stone Block
Morada/Freguesia: Avenida Defensores de Chaves, 67E (Avenidas Novas)
Projeto de Arquitectura: Souza Oliveira, arquitectura e urbanismo
Promotor: Imoproperty – Fundo Especial de Investimento Imobiliário
Apelidado de Lisbon Stone Block pelo aspeto de bloco pétreo que a sua imagem urbana lhe confere, este edifício localiza-se num gaveto das Avenidas Novas. O seu conceito baseia-se numa fachada mutante, em “pele de pedra”, que configura diferentes imagens de acordo com o uso: de noite, irradia luz para o exterior; de dia, é atravessada pela luz que chega ao interior por entre os painéis de posição variável.
Ao piso térreo envidraçado destinado ao comércio, juntam-se, distribuídos por oito pisos, 20 fogos caracterizados por uma sala que articula e dá sequência à cozinha. Plantas em que é visível uma procura pela contemporaneidade do estar, articulando o estar/conviver, o comer e o preparar de refeições através de um versátil sistema de painéis móveis. Todos os quartos apresentam uma organização próxima da de uma suite, procurando proporcionar níveis mais confortáveis de intimidade.
Casa em Alfama
Projeto de Arquitetura: Matos Gameiro, arquitectos.
Morada: Largo do Outeirinho da Amendoeira, 2-5. São Vicente
Promotor: João Paulo Gonçalves Silva Cardoso
Localizada num pequeno largo de Alfama, abaixo do Mosteiro de São Vicente de Fora e junto ao Panteão Nacional, a operação trata da recuperação e transformação em guest house de um edifício de base medieval, exemplo raro num conjunto dominado por edificações posteriores ao terramoto de 1755.
A ocupação da pequena construção foi gerando, ao longo dos tempos, novos muros, que resultam numa casa com dois pátios. A intervenção pretendeu esclarecer o argumento interno, reforçando o seu sentido mais intrínseco: se os pátios determinam a organização, será nos seus intervalos que se dispõe o programa. Do projeto, resultaram quatro espaços exteriores, intercalados por lugares de abrigo.
O conjunto remete para as ideias de ruína, devido ao seu carácter destelhado; de contenção, pela natureza das celas habitáveis; e do prazer com que se exploram os pátios, enquanto salas exteriores, destituídas de função imediata, uma das quais se acha inundada de água quente.
Largo Santos e Vias Adjacentes
Tipologia: Equipamento, infraestrutura
Morada/Freguesia: Largo de Santos (Estrela)
Projeto de Arquitetura: 92 Arquitectos João Almeida e Luís Torgal e Victor Beiramar Diniz, arquitecto paisagista
Promotor: Câmara Municipal de Lisboa
Um projeto infraestrutural decorrente do programa “Uma Praça em Cada Bairro”, tendo como ponto de partida o programa preliminar desenvolvido pelo departamento de Espaço Público da Câmara Municipal de Lisboa, que propõe uma nova microcentralidade para a capital.
Os principais objetivos da intervenção foram a devolução do espaço ao peão, com o aumento significativo das áreas pedonais, recriando-se a alameda que já existiu; a implementação de uma rede de ciclovia; o aumento da área verde reduzindo-se o número de faixas viárias. O projeto foca-se também na melhoria das ligações pedonais aos transportes públicos — críticas, nesta área.
Observando a assimetria que caracterizava a Avenida 24 de Julho, conclui-se fundamental a criação de uma forte unidade, que celebra o espaço do bairro, num processo territorial socialmente democrático. Impulsionando a melhoria da vida urbana, o projeto aponta para formas de mobilidade sustentável.