Entrevista: Branco Del-Rio

Categorias: Entrevistas

Branco Del-Rio Arquitectos

, vencedores do concurso para o conjunto habitacional da ‘Alcaniça’, em Almada, promovido pelo IHRU, com assessoria técnica da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, destacaram as condições para obter uma boa qualidade da vida urbana, num programa que obrigava a um grande normalização à partida.

Por que razões decidiram participar neste concurso?

A objetividade da habitação de custos controlados deixa de parte a subjetividade associada a outros programas, o que se torna muito interessante num formato de concurso.

O facto de o concurso ter por objetivo a construção da melhor solução técnica pesou na decisão de participar.

Qual foi a abordagem na implantação dos edifícios relativamente às características topográficas e à envolvente?

A implantação estava condicionada pelo loteamento existente. Um dos edifícios assume continuidade com os blocos existentes. O outro edifício, por estar isolado, permite-se assumir maior protagonismo ganhando mais um piso. Os acessos foram todos resolvidos a norte, permitindo libertar toda a fachada sul para as zonas sociais.

A habitação a custos controlados coloca desafios e, eventualmente, limitações. Houve questões centrais em que o programa se tornou mais limitativo ou a questão não se pôs?

É um programa que obriga a grande otimização a vários níveis, desde a planta à estrutura e infraestruturas. Aqui era também central a resolução da secção, pela diferença de cotas entre as duas ruas, por forma a garantir acessos acessíveis e privacidade em todos os fogos.

O júri salientou que a adequação da vossa proposta às condicionantes técnicas e de construção foi muito bem conseguida. Podem descrever sucintamente a vossa solução e onde mais centraram as preocupações?

Depois do encaixe de todas as tipologias a preocupação foi, por um lado, conseguir a melhor orientação solar para o máximo dos espaços e ventilação cruzada para todos os fogos e, por outro, a criação de uma certa dignidade e desafogo espacial, conseguido com a galeria a sul que, ao mesmo tempo que aumenta e flexibiliza a área social, funciona como um mediador térmico.

Que estratégias adoptaram na vossa proposta no que diz respeito a preocupações de sustentabilidade?

Encaramos a sustentabilidade como uma questão global. Idealmente sem recurso a máquinas.

A otimização da organização espacial, em planta e em secção, diminui custos de construção e aumenta a sustentabilidade do investimento. O mesmo se passa com o bom envelhecimento dos materiais.

Em termos de gestão energética, preocupa-nos a correta organização e orientação dos espaços que minimizam os custos correntes. A galeria sul, ao funcionar como um mediador térmico, permite ter os vãos protegidos no verão e ganhos térmicos no inverno.

Qual a importância destes concursos de habitação colectiva, assessorados pelo serviço de concursos da OASRS, no momento actual em que vivemos?

A importância destes concursos parece-nos fundamental. A habitação colectiva é a forma de conseguir bons níveis de densidade urbana, que acreditamos ser o factor principal para uma gestão sustentável do espaço urbano.

Desconhecemos cidades com boa qualidade de vida urbana mantendo baixos níveis de densidade populacional.

Louvamos por isso a organização destes concursos por promoverem, de forma justa, aquilo que pensamos ser o principal catalisador de urbanidade.

 

Foto:  © Frederico Martinho
Branco Del Rio são Paula del Rio (Soria, 1985) e João Branco (Coimbra, 1983)

Entrevista . Ordem dos Arquitectos Secção Regional Sul

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