8ª Bienal de Arte Contemporânea da Maia “Import/Export”

Início em 11/05/2019 até 27/07/2019

Categorias: Exposições

Import/Export é o mote da edição que, pela primeira vez, se estende pelo território da Maia, com intervenções em contentores, que convidam à reflexão e à partilha de visões sobre a relação entre as cidades e a sua comunidade. Tanto a exposição como as atividades paralelas são de entrada livre e gratuita. A inauguração está agendada para dia 11 de maio às 15h00, terminando com uma festa com curadoria da lovers&lollypops, no New Café Gin Club, na Maia, a partir das 23h00. 

 

Num ano em que a Maia celebra 500 anos da atribuição do Foral Manuelino ao concelho, esta oitava edição, que decorre de 11 de maio a 27 de julho, questiona os limites e as fronteiras contemporâneas dos territórios. Tendo como mote “Import/Export”, o evento reflete sobre a relação entre as pessoas e a identidade, num mundo cada vez mais global. 

Pensada para democratizar o acesso à cultura e instigar novos pensamentos e comportamentos sobre as cidades, a Bienal de Arte Contemporânea da Maia vai ao encontro da comunidade. Este ano, o evento assenta em 4 clusters de programação – arquitetura, design, artes plásticas e novos media – que se desdobram em 16 contentores, dispersos por setes locais do concelho.

No total, reúne a visão de mais de 40 artistas nacionais e internacionais (Alemanha, Espanha, Estados Unidos da América, Dinamarca, Holanda, França, Inglaterra, Itália, Macedónia, Suíça, Venezuela), através de 24 novas criações e 26 eventos – apresentações de livros, conversas, happenings, performances, visitas, workshops.

A curadoria geral está a cargo da arquiteta Andreia Garcia, que convidou especialistas de cada área para assumir a co curadoria dos diferentes eixos disciplinares.

Na disciplina da arquitetura, sob a tutela de Diogo Aguiar, comissário da Concreta – Feira de Construção, Reabilitação, Arquitetura e Design organizada pela Exponor Exhibitions, e o espanhol Javier Peña Ibáñez, curador comissário do festival Concêntrico em Logroño, as propostas irão incidir sobre o conceito de limite, numa abordagem heterogénea de práticas e visões que caracteriza a arquitetura contemporânea.

Convergindo várias dimensões, o cluster de artes plásticas pretende convocar os visitantes a refletir e intervir ativamente. A área é orientada por Luís Albuquerque Pinho, arquiteto e curador residente no Node Center Berlin, e Luís Pinto Nunes, coordenador do Museu e Gabinete de Exposições da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Na área de design, com curadoria de Vera Sachetti, crítica e curadora associada da Bienal de Istambul’18, com base em Basileia, Suíça, serão apresentados quatro projetos de cariz material e imaterial que refletem sobre o rumo do design contemporâneo. Aqui também a abordagem será multidisciplinar, colocando sempre em questionamento o papel interventivo do design nos dias de hoje.

Os novos media serão também alvo de reflexão na Bienal, com curadoria da investigadora Sara Orsi, promovendo uma base de reflexão e partilha de conhecimento, em muito direcionada para a inclusão de modelos de partilha de criação e pensamento.

Cada área irá intervir sobre quatro contentores, num total de 16, distribuídos por sete locais – Praça Doutor Vieira de Carvalho, Parque da Cidade Desportiva, Maninhos, Castêlo da Maia, Mandim, Feira de Pedras Rubras e Parque da Pícua, onde podem estar isolados ou coexistir com outros contentores. Esta interligação dos clusters pretende estimular a criação de sinergias entre os vários temas, os artistas e a comunidade.

 

O evento conta também com uma agenda de atividades paralelas, tais como workshops, performances artísticas e lançamentos exclusivos de publicações.

 

Sinopse curadoria geral (Andreia Garcia):

Soma 24 anos o tempo que nos distancia da primeira página da história da Bienal de Arte Contemporânea da Maia. Uma nova edição, que surge no ano em que são celebrados os 500 anos da outorga do Foral Manuelino ao Concelho assume, naturalmente, o peso da responsabilidade para com a cidade enquanto público, como para com a comunidade pela retoma da representação do fôlego contemporâneo a partir da cidade concreta.

A paisagem da Maia evoca a si a especificidade de um olhar que deve operar de forma instintiva numa relação ampliada entre cidade-campo-indústria com novas fronteiras sublinhadas, para além das realidades transitórias das vias automóveis. A partir da Maia o conceito de fronteira encerra-se numa interpretação contemporânea, que ultrapassa o seu entendimento enquanto delimitação do perímetro territorial, mas que implica a sua invenção face ao sujeito, como à geografia multidirecional.

Contudo, este cenário enquanto laboratório, mais especificamente o aprofundamento das questões sobre o território de fronteiras, conduz a uma reflexão mais sublinhada no contexto das ameaças à identidade. Serão talvez as regras que pautam o desenho dos territórios o que lhes infere o caldo de cultura. São constelações dispersas de forma ampliada sobre o território de oposições. Possivelmente é a ânsia por uma existência estável o que está na base da criação das cidades, mas o território da Maia apresenta-se pronto para a dimensão da abstração da urbe, pela apropriação discursiva sobre um território que se assume enquanto criação. Uma anonímia construtiva criativa que a cada novo dá lugar a uma série de novas memórias e uma sucessão de novos retratos.

Não há prazo para as cidades, mas em todas há o desejo pelo futuro. Tal como a ideia da imortalidade, que nos distingue dos demais animais. É na memória em mutação, mais ou menos nostálgica, mais ou menos íntima, mais ou menos autobiográfica, mais ou menos filtrada que surge a experiência da apropriação ao lugar.

Nesta vontade discursiva podemos ter como propósito a simples observação e transigir a consagração pelos prazer e curiosidade situados na necessidade contemporânea de rever essa identidade, ou a identificação da mutação ceno(geo)gráfica.

São vários os possíveis pontos de vista da Maia, são também, por isso, várias as questões formuladas e as possibilidades de resposta com correspondência a momentos igualmente diferentes. São paisagens e pessoas que convocam novos conceitos para lá do consolidado, interseccionalidades em que a cidade assume um novo conceito de espaço de representação, ora revelado ora oculto, a partir das suas intermitências urbanas.

O objetivo da Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2019 é permitir reajustar a nossa posição perante uma constante em mutação ao mesmo tempo que elaborar perceções sobre a identidade consciente desta órbitra contemporânea. É sobre a identidade num mundo global. É sobre a consolidação da criação que sofre contágio. É sobre as práticas artísticas heterógenas a partir de um mesmo lugar e homogéneas a partir de lugares diferentes. É sobre a experiência individual no diálogo com a obra. É sobre a expansão da subjetividade do lugar enquanto contexto. É sobre as ruturas das fronteiras entre mundos ou a dissolução de cânones estéticos truncados ao locus. É sobre a emergência da transposição dos corpos, como da informação. É sobre os universos referenciais que levamos e que trazemos. É sobre um circuito de termos questionado pela permeabilidade das fronteiras. É sobre a invisibilidade da origem quando o mundo é um, apenas. É sobre termos que biograficamente se transcendem quando o auto é um denominador comum. É sobre a dinâmica veloz do processo das relações entre a criação e a cognição, o vivido e o falsificado, o guardado e o transformado enquanto motor de novos discursos da cultura e da arte. Mas é também sobre a democratização da arte, levando-a em contentores, ao território real, ao encontro dos maiatos – na Praça Doutor Vieira de Carvalho, no Parque da Cidade Desportiva, em Maninhos, no Castêlo da Maia, em Mandim, na Feira de Pedras Rubras e no Parque da Pícua.

24 anos foi o tempo necessário para que esta consideração sobre forma disruptiva pelo binómio import/export se pudesse concretizar. É o tempo exato para rememorar a dinâmica epocal e estabelecer novas narrativas para a reapropriação de referentes identitários entre o local e o global, entre a origem e o destino.

Talvez por aqui se possa compreender que este seria um discurso só possível se operasse de forma disseminada no território e se nele assentasse sobre forma de contentor binómio – por um lado símbolo do paradoxo do tema, por outro, condição do tornar possível a (con)figuração da (re)criação da nova experiência plural sobre os vários locais, os seus sentidos e as suas atmos(feras).

Eis a questão do desafio. Micromundos e micro-identidades que se propõem emergir. Redefinir a criação da experiência e convocar uma equipa de curadores a pensar quatro eixos de programação sobre estas premissas. Todas as obras pertencem a uma exposição única, poli-localizada, permitindo, nesta circunstância, assumir a ambição de dar a conhecer vários lados deste palco e questionar através de vários pontos de vista, também vários modos de fazer: Arquitetura, Artes Plásticas, Design e Novos Media.

Mais do que criar uma narrativa – para o que se puder vir a dizer sobre este tempo -, esta proposta pretende criar uma reflexão alargada sobre o rumo contemporâneo, que levanta novas perguntas e convoca novas respostas resultando numa construção ligada em rede pluridisciplinar.

 

Sobre as co curadorias:

Eixo programático de Arquitetura | Diogo Aguiar e Javier Peña Ibáñez
Subordinado à temática geral da Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2019 – Import/Export -, e perante a vontade de reconectar a cidade com os seus limites, o eixo programático da Arquitetura assume-se como o da prática que conecta as pessoas com os lugares. Estando presente no território de uma forma disseminada, propondo outras realidades construídas, a Arquitetura faz do seu próprio espaço o lugar de encontro, debate e reflexão.

Dos projetos de investigação site-specific, às arquiteturas imersivas autoconstruídas; das estratégias subversivas de índole política, às propostas críticas ready-made sobre a realidade contemporânea, o programa da Arquitetura desta Bienal representa um possível entendimento atual sobre a diversidade que caracteriza hoje a prática da disciplina. Porque entre todas as propostas apresentadas, o que lhes é comum é a ideia de trabalhar com o conceito de limite, o que divide e constrói o interior/exterior, o que marca a transformação disciplinar que propomos mapear através deste exercício curatorial.

Eixo Programático de Artes Plásticas | Luís Albuquerque Pinho e Luís Pinto Nunes
A procura da inovação ou da representatividade do novo é um exercício inerente à organização de uma Bienal de Arte Contemporânea. Vivemos no tempo da indecisão e do desfasamento temporal, surgindo por isso a necessidade de repensar a forma como podemos aceder a conteúdos ou informação. O novo parte do passado e da história, que demanda ser reconstruída e escrutinada, para dar origem à inovação como refere Boris Groys. Através da reinterpretação ou do referente, e do exercício da recontextualização, é possível considerar a novidade, tendo em conta que a inovação já não se trata de um exercício pós-moderno na definição de François Lyotard.
A ansiedade do novo é inerente a qualquer um de nós, é uma energia pulsante, que nos leva à procura e busca de referentes, por forma a modelarmos a nossa personalidade e características. Todos procuramos saber de qualquer novidade, visitando museus, consultando livros, indo a concertos, etc., o resultado desta busca da novidade faz com que haja uma alteração de valores estéticos e sociais.

De indivíduos passámos a users a reféns e fanáticos do scroll e da notificação de dispositivos. Vivemos na ruína da noção do nosso contexto, daquilo que define a nossa ação e pensamento,
Eixo Programático de Novos Media | Sara Orsi

Sair do centro e do individual de modo a refletir sobre um todo, é o princípio de um programa que tem como premissas a sobreposição das realidades locais e globais e a consolidação dos modelos de importação e exportação, num tempo em nada é feito para durar. Instável, impermanente e indeterminado este é o momento presente (e adivinha-se o futuro) que os new media nos impõem.

Neste mutável cenário, Sharing and Shaping propõe a reflexão e debate sobre como a atual demanda pela partilha, em muito impulsionada pela evolução dos new media, pelos vigentes modelos de trocas globais e pela possibilidade da capitalização da informação, está a moldar a experiência contemporânea.

Tendo como enquadramento a não-disciplina dos new media – que se define pelo objeto operante como forma de diferenciação – o programa expande-se no ato da escrita, do fazer e da educação para se organizar como um espaço de confluência entre pessoas, gerações e práticas onde se procura o pensamento coletivo, o gesto participativo e a construção de comunidade.

Eixo Programático de Design | Vera Sachetti
Hoje, o design afirma-se como disciplina que trabalha com as outras, na capacidade de disciplina mediadora. Aparece em múltiplas formas e escalas, é visível e invisível, não gera necessariamente objetos ou soluções, mas interações, ligações e possibilidades. Sobretudo, desenha muitas – se não mesmo todas – as interações que temos com o mundo que nos rodeia, da tecnologia que levamos no bolso todos os dias, à maneira como nos relacionamos com os nossos governos, os nossos sistemas de distribuição, e uns com os outros. E, assim agindo, torna-se uma plataforma de profunda experimentação, e sobretudo um ponto de encontro.

O eixo disciplinar de Design da Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2019 assume essa ambição de se tornar um ponto de encontro, e um palco de partilhas, de conhecimento, pontos de vista, e modos de fazer. E, assim agindo, traz a realidade contemporânea do design consigo, propondo diversas novas formas de fazer design.

 

Sobre Andreia Garcia Architectural Affairs:
Andreia Garcia (Guimarães, 1985) é arquiteta, curadora, investigadora e professora em áreas da arquitetura, da cidade, do design e da cenografia urbana. Fundadora do Andreia Garcia Architectural Affairs, atelier sediado no Porto, tem-se especializado na disseminação da arquitetura através da investigação, de prática curatorial e de projetos editoriais.De 2011 a 2012, foi comissária do projeto Smaller Cities e coordenadora dos projetos da Paisagem Criativa na Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura. Em 2015 foi curadora do Projeto Memória que celebrou o centenário do Theatro Circo de Braga e que culminou com o lançamento do livro “O Theatro e a Memória”.

Em 2017, assume a curadoria do programa de arquitetura para a Bienal de Arte Contemporânea da Maia e é convidada a pensar duas exposições para a Galeria Vertical, no Silo auto do Porto. Desde finais de 2016 é cofundadora, com Diogo Aguiar, da Galeria de Arquitectura, um espaço independente dedicado à reflexão sobre a arquitetura, no Porto. Em 2018 foi professora auxiliar convidada na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho. Desde 2017 é professora auxiliar convidada no Curso de Arquitetura da Universidade da Beira Interior.

 

Horário da exposição:
Ter – Sex: 14h – 19h
Sáb. Dom. / Feriado: 10h – 13h; 14h – 19hEntrada livre nos contentores e acesso livre a todos os eventos, limitado à lotação dos espaços.

LINKS
ORADORES
  • Eixo Programático Arquitetura:
  • Fernando Abellanas Popticum Space Transcribers TAKK
  • Eixo Programático Artes Plásticas:
  • Bryana Fritz Carla Filipe Carlos Azeredo Mesquita Dayana Lucas Francisco Oliveira Horácio Frutuoso Mafalda Santos Tiago Alexandre Sara & André
  • Eixo Programático Novos Media:
  • Alessandro Ludovico Catarina Lee Elodie Correia & Priscillia Julien & Uncanny valley studio Error-43 Filipa Alves de Sousa Isabel Lucena Joana Chicau Justin Jaeckle Luísa Ribas Mark Ijzerman Miguel Carvalhais
  • Eixo Programático Design:
  • AATB Catarina Carreiras Orlando Lovell Pedro Augusto
ESPECIFICAÇÕES
  • Tema: 8ª Bienal de Arte Contemporânea da Maia "Import/Export"
Galeria
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