Início em 07/12/2020 até 07/12/2020

O debate “FAUP 40 anos . 40 livros” com Joaquim Moreno, Ana Sofia Silva, André Tavares, Nuno Sousa, Maria Manuel Oliveira, Ricardo Leitão e Teresa Novais.
‘A lista impossível, ou a vantagem de forçar a aparição das ausências’ é a matéria para o debate ‘FAUP 40 anos . 40 livros’, a 7 de Dezembro de 2020, 17h00, por videoconferência [Canal YouTube FAUPlive].
A iniciativa é o resultado do desafio lançado pelo Comissariado das Comemorações dos 40 Anos da FAUP ao arquiteto e professor da FAUP Joaquim Moreno para uma seleção de 40 livros que foram ou que serão relevantes para a escola/ensino da Faculdade.
O evento, o primeiro momento de debate em torno da lista proposta, que será editada num opúsculo no próximo ano, terá como convidados cinco antigos estudantes de diferentes gerações da escola — Maria Manuel Oliveira, Teresa Novais, André Tavares, Ana Sofia Silva e Nuno Sousa, e um atual estudante do Programa de Doutoramento em Arquitectura — Ricardo Leitão.
Com este debate, a FAUP retoma o programa de celebração dos 40 anos, interrompido pelas condicionantes impostas pela pandemia de Covid-19, com um calendário reestruturado ao longo de 2021, assente, predominantemente, em plataformas online.
A lista impossível, ou a vantagem de forçar a aparição das ausências
40 livros para 40 anos é uma biografia em livros mais que uma bibliografia, que revela tanto as bases como os limites da nossa contínua e múltipla transformação, e a crise de meia idade cuja chegada celebramos. Inclui as fundações, as fachadas, os cortes (epistemológicos) menos visíveis e os ornamentos mais vistosos, e também os ventos e abalos que perturbam a sua estrutura.
É uma acumulação fragmentária, mais arqueologia que antologia, e os seus objectos tentam ser menos monumentos transformados em documentos – analisados pelos traços que neles deixaram apenas os seus autores – e mais monumentos a transformarem-se em documentos, uma massa de elementos que é preciso de novo isolar, reagrupar, tornar pertinentes, colocar em relação, constituir em conjuntos. E ainda analisada pelo que fica de fora desta constelação, através das ausências, que são talvez o modo mais evidente de sobressaltar a doxa que assombra qualquer antologia.
Reflecte também a diferença entre textos e livros, entre a matéria dos livros, a sua manipulação, o seu formato, tudo aquilo que está entre o leitor e a leitura, entre o observador e a imagem, e que decide muito do que pode ser esta relação, e o conteúdo estrito do texto, ou todo o excesso de sentido que não cabe em antologias. Por isso, nem textos nem antologia: livros, monumentos, mementos, de monere, a tentarem estabelecer outros sistemas de relações, a tornarem-se indícios de outra coisas, fragmentos disjuntos à procura de outros desenhos, outros projectos de conhecimento; e documentos, de docere, a tentarem ensinar o que quer que seja, por vezes apenas a disponibilidade de aprender, de ouvir a matéria dos livros e o que sussurram quando falam entre eles.
A pré-história é o momento antes da escrita, a qual apenas se acede através dos fragmentos a que é preciso dar uma narrativa, ou antes da história, da narrativa continua apoiada em documentos, preservados em torres do tombo. O pós-moderno é um fantasma de infância que regressa, a presença do passado, que todos nós gostamos, numa forma que quase ninguém gosta, algures entre o inacabado, o adiado e o depois. E por dentro e por fora são apenas modos de estabelecer relações, de escolher a mesa em que trabalhar os objectos, escolher o alcance ou a penetração das redes, o tipo de nós, a direção dos fluxos e a escala da análise.
— Joaquim Moreno
Joaquim Moreno [FAUP 1997]
nasceu em Luanda em 1973. Mestre pela Escola Técnica Superior de Arquitectura da Universidade Politécnica da Catalunha (ETSAB-UPC) e Doutor em Teoria e História da Arquitectura pela Escola de Arquitectura da Universidade de Princeton com a tese ‘Arquitecturas Bis (1974-1985): de publicação a acção pública’.
Desenvolveu atividade docente na Universidade Autónoma de Lisboa, na Universidade de Columbia, na Universidade de Princeton, na Universidade de Syracuse, na Universidade do Minho, na Architectural Association e no ISCTE. Atualmente é docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).
Foi diretor, juntamente com Pedro Bandeira e Paula Pinto, da revista In Si(s)tu, curador com Alberto Carneiro da exposição ‘Desenho Projecto de Desenho’, curador com José Gil da representação portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza em 2008, e mais recentemente curador da exposição ‘A Universidade está no Ar: Difundir a Arquitectura Moderna’ para o CCA em 2017.
Maria Manuel Oliveira [ESBAP 1980] é arquiteta pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1985), tendo terminado a parte escolar do curso em 1980. É docente na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho desde 1997 e desenvolve prática arquitetónica no âmbito do seu Centro de Estudos. É membro do Laboratório de Paisagens, Património e Território. Anteriormente exerceu profissão liberal, trabalhou na Câmara Municipal de Guimarães e lecionou no Departamento de Arquitectura da Universidade de Angola e na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde integrou o Centro de Estudos.
Teresa Novais [FAUP 1991] nasceu no Porto em 1962. Estagiou em Londres com Foster Associates (1989 / 1990) e colaborou com Eduardo Souto de Moura entre 1991 e 1996. Formou em 1991 com Jorge Carvalho o atelier aNC arquitectos, cujas obras têm obtido sido reconhecidas em prémios como a Menção Honrosa no Prémio João de Almada 2019 ou o Prémio da IX Bienal Ibero Americana de Arquitetura e Urbanismo 2014.
aNC foi o atelier local na obra da Casa da Música, projeto de Rem Koolhaas / O.M.A. (2000 / 2005). Teresa Novais leciona na área de projecto desde 1995. Atualmente é professora auxiliar convidada de Programas Emergentes na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho e Visiting Fellow do laboratório FAR da EPFL (Lausanne).
Foi presidente da Conselho Diretivo da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos entre 2008 e 2010 e vogal corresponsável pelo pelouro da Cultura da OASRN entre 2005 e 2007.
André Tavares [FAUP 2000] é arquiteto e coordenador da Dafne Editora. Foi diretor do Jornal Arquitectos entre 2013 e 2015 e curador-geral, com Diogo Seixas Lopes, da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016, The Form of Form. O seu livro The Anatomy of the Architectural Book (Uma Anatomia do Livro de Arquitectura, Dafne Editora/Canadian Centre for Architecture, 2016) explora as relações cruzadas entre a história da arquitetura e do livro. Atualmente é investigador na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho e programador de arquitetura na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Ana Sofia Pereira da Silva [FAUP 2004] nasceu em Braga em 1979. Colaborou com a arquiteta Inês Lobo (2003) e com o arquiteto José Manuel Soares (2004 a 2006). Em 2006 iniciou a sua prática profissional independente. Em 2007 iniciou estudos pós-graduados na Escola Técnica Superior de Arquitectura de Madrid (UPM) e foi bolseira de doutoramento da FCT (2009 a 2012). A sua tese de doutoramento (2013) recebeu o prémio extraordinário da UPM em 2014. É, desde 2012, docente na FAUP e investigadora integrada do CEAU, mantendo a sua prática arquitetónica.
Nuno Melo Sousa [FAUP 2011] nasceu em 1988. Frequentou, ao abrigo do Programa Erasmus, a TU Delft (Países Baixos) -, e no Sangath de Balkrishna Doshi, Ahmedabad (Índia). Colaborou no atelier [A] ainda arquitectura entre 2010 e 2011 e com Nuno Brandão Costa em 2013. Foi ‘Adjunct professor’ no INDA – Faculdade de Arquitectura de Chulalongkorn -, Banguecoque, Tailândia, entre 2015 e 2018, nas disciplinas de Projecto e Construção. Organiza e participa em projetos ligados à música e artes performativas, com destaque para a organização do festival de música e arquitectura Ignition e a colaboração com o festival de arte e música Bukruk em Banguecoque, Tailândia. Desde 2012 com atelier próprio, desenvolve projectos de várias escalas e programas.
Ricardo Leitão [FAUP.PDA 2020-…] nasceu no Porto em 1991. Mestre pela FAUP em 2015, frequentou, ao abrigo do Programa Erasmus, a École Nationale Supérieure D’Architecture De Paris-Belleville (França) e a Faculty of Architecture Chiang Mai University (Tailândia). Co-fundador do atelier de arquitectura atmo (2016), é assistente convidado na Porto Academy desde 2018, tendo feito parte da organização do programa Visiting Barragán na Cidade do México em 2019. Colaborou com a Biblioteca da FAUP entre 2017 e 2020. Doutorando no Programa de Doutoramento em Arquitectura da FAUP, Opção de Estudos E – Teoria e Práticas do Projecto.
Organização Joaquim Moreno
com Filipa de Castro Guerreiro, Ana Alves Costa e Carla Garrido de Oliveira [Comissariado das Comemorações dos 40 Anos da FAUP]
Programa sujeito a alterações (sem aviso prévio).
Este evento é passível de ser registado e divulgado pela FAUP através de fotografia e vídeo.
A FAUP não emite declarações de presença ou assistência online do evento.
Imagem: Páginas de ‘A history of architecture on the comparative method for the student, craftsman, and amateur’, Banister Fletcher © DR
- Joaquim Moreno
- Ana Sofia Silva
- André Tavares
- Nuno Sousa
- Maria Manuel Oliveira
- Ricardo Leitão
- Teresa Novais
- Debate: FAUP 40 anos . 40 livros
- Tema: A lista impossível, ou a vantagem de forçar a aparição das ausências