Transcrever Summer Lab

Início em 16/07/2017 até 10/08/2017

Categorias: outros

Âmbito do Transcrever Summer Lab

O Transcrever Summer Lab: Práticas Sócio-Espaciais nos Bairros Sociais de Braga será um laboratório experimental e teórico-prático que irá decorrer entre o dia 4 e 9 de Setembro de 2017 e que contará com a presença de diversos agentes e pro ssionais multidisciplinares para abrir a discussão sobre a realidade e as problemáticas existentes em três bairros sociais em Braga, de modo a produzir novas narrativas e possibilidades de atuação sobre estes espaços.


Esta atividade surge no âmbito do (Re)Escrever o Nosso Bairro, um projeto a três anos, coordenado pelo Município de Braga, que contempla um conjunto de iniciativas de inclusão social, em articulação com o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Braga que tem como um dos eixos prioritários a reabilitação de três bairros sociais da cidade.


Contexto Histórico e Social
Com a introdução do direito à habitação na Constituição Portuguesa a partir do 25 de Abril de 1974 impulsionou-se o processo de erradicação de situações precárias que se faziam sentir ao nível
da qualidade e do conforto da habitação de muitas famílias e comunidades fragilizadas em Portugal. De modo a combater
a precariedade de estruturas informais existentes nas cidades portuguesas, como tendas e barracas, formalizaram-se políticas de erradicação e de inserção por parte de municípios públicos, através da criação de unidades de habitação na cidade, geralmente sob a forma de blocos construídos em altura, com um intuito de realojar
o maior número possível de famílias desfavorecidas. Estes blocos habitacionais caram desde então conhecidos como “bairros sociais”, desenvolvendo ao longo do tempo um estigma negativo vinculado ao surgimento de problemáticas associadas à precariedade; exclusão; criminalidade; etc.
Apesar do esforço de combate a estes estigmas por parte de apoios governamentais e associativos, é cada vez mais evidente, que as problemáticas existentes se encontram relacionadas com outros temas transversais e de outras escalas.
Neste contexto, em Braga construíram-se vários bairros sociais, do qual destacamos 3 – Bairro Social das Enguardas, Bairro Social de Santa Tecla, e Complexo Habitacional do Picoto – que re etem este paradigma.

Bairro Social das Enguardas
Este bairro foi construído entre 1976 e 1978. É composto por 85 fogos de tipologia T2, T3 e T4, distribuídos em 11 blocos de 4 pisos, para alojar residentes que viviam em condições precárias de vários pontos da cidade, destacando-se o realojamento em massa dos habitantes do extinto Bairro Araújo Carandá em Braga.

Bairro Social de Santa Tecla
Este Bairro Social foi construído em 1979 na Quinta de Santa Tecla pelo Fundo de Fomento da Habitação, para realojar os residentes do Bairro Operário de Santa Tecla, e dos acampamentos precários de génese ilegal das Lajes e do Fujacal. É composto por 4 blocos, e aloja cerca de 450 pessoas num total de 182 fogos de tipologias T2 e T3, constituindo assim o maior bairro social do município.

Complexo Habitacional do Picoto
Construído entre 1997 e 1998 na encosta do monte do Picoto, para realojar exclusivamente a comunidade cigana que residia nas barracas implantadas no Parque da Ponte (ou Largo da Floresta) em Braga. Este complexo, isolado da restante malha urbana da cidade, é composto por 50 habitações, implementadas em banda, numa tipologia de 2 pisos e com áreas de habitabilidade mínimas.

Objetivos
– Construir uma plataforma para refletir sobre a realidade e problemáticas dos bairros sociais e sobre as suas comunidades;
– Abrir a discussão a um campo mais alargado de conhecimento multidisciplinar e participativo, questionando os modelos de gestão e de políticas públicas em vigor;
– Realizar uma recolha documental, in-situ e em vários suportes, que servirá de base para criação de novas interpretações e ações para estes lugares;
– Criar estratégias arquitectónicas, urbanas, participativas e artísticas que respondam a problemáticas sociais e espaciais existentes,
de modo a garantir um futuro mais integrado e promissor para estes lugares e para os seus habitantes;
– Oferecer aos participantes um contacto direto e imersivo com estes espaços e comunidades de modo a adquirirem sensibilidade e aptidões na construção de projetos e estratégias de cariz social;
– Oferecer uma oportunidade para explorar e aplicar, em contextos sociais diferenciados, diversas metodologias e ferramentas criativas de atuação;
– Oferecer aos participantes uma experiência e um contacto teórico-prático coordenado por monitores e agentes experientes nas temáticas a abordar.

Metodologia
O programa do Transcrever Summer Lab será partilhado entre sessões práticas e sessões abertas de apresentação com convidados:

Sessões práticas
Ao longo da semana do Summer Lab, 3 grupos de trabalho (1 por bairro) serão orientados por monitores especialistas que os acompanharão na realização de um projeto/estratégia que vise não só questionar de uma forma crítica as problemáticas existentes nos Bairros Sociais em Braga, mas também propôr uma possibilidade de intervenção visível sobre estes lugares.
A metodologia para a construção destes projetos pressupõe recorrer a ferramentas de aproximação imersivas, in-situ, como a observação, o registo directo e o diálogo, através de trabalho de campo socialmente comprometido com a comunidade local.
Prevê-se também que as estratégias desenvolvidas possam formalizar-se em pequenas ações participativas como: trabalhar com problemas existentes no seu espaço público; criar atividades sócio-espaciais com a comunidade seguindo um espírito crítico perante uma problemática pertinente existente; integrar práticas artísticas enquanto catalisadoras de mudança; entre outros.

Sessões abertas
Intercalado com o trabalho prático, irão decorrer ao longo da semana vários eventos, debates e apresentações com convidados sobre temáticas especí cas ao Summer Lab, de modo a dar apoio ao desenvolvimentos dos projetos práticos.
No nal do Summer Lab, todos os trabalhos resultantes serão apresentados para os habitantes dos bairros sociais e para as entidades municipais e associativas envolvidas no processo.
Posteriormente, estes trabalhos serão integrados na exposição e publicação com os resultados do primeiro ano do projecto (Re)Escrever o Nosso Bairro.

Temas

Rumores e Equívocos dentro e fora da Comunidade
Como dissipar equívocos e preconceitos culturais/étnicos/sociais existentes dentro e fora da comunidade dos bairros sociais? Quais as ferramentas e práticas que poderão amenizar esta problemática e incitar o diálogo entre frentes distintas?

Processos de Ressentimento
Quais são os processos históricos, culturais e sociais que estão a gerar sentimentos de ressentimento nos bairros sociais? Como criar estratégias sociais e emocionais que repensem o modo como estes processos são implementados?

Formas de Vida/Formas de Espaço
Quais as relações de proximidade entre os bairros e a cidade? Quais os desa os que se colocam à concepção de espaços para comunidades com modos de vida diferenciados?

Interculturalidade
Como trabalhar a aceitação da diferença e integrar a multiculturalidade nos processos políticos de decisão e planeamento da cidade?

Modos de Vida e Estruturas de Género
Como tornar visível fenómenos informais existentes nos bairros? Quais os modos de vida e as estruturas de género existentes na comunidade e a sua relação com o espaço público e privado dos bairros?

Tradições culturais
Como é que determinadas manifestações culturais poderão ser uma semente catalisadora capaz de gerar diálogo e promover a aceitação a um espectro social mais vasto?

Público-Alvo
Este é um laboratório aberto à participação de:
– Mentes críticas e criativas provenientes de múltiplas áreas disciplinares;
– Profissionais, investigadores de mestrado ou de doutoramento das áreas de Arquitetura, Design, Fotogra a, Arte, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Geogra a, Curadoria, etc;
– Pessoas que tenham interesse em ativismo social, bairros sociais, comunidades negligenciadas e que querem experimentar metodologias sócio-espaciais alternativas imersivas;
– Pessoas que tenham curiosidade e vontade em experimentar ferramentas socialmente comprometidas e artísticas enquanto catalisadoras de mudança;
– Pessoas que tenham vontade de aprender e partilhar conhecimento e que queiram entrar em contacto com pro ssionais com backgrounds inspiradores;
– Pessoas que queiram ter a primeira experiência em práticas sócio-espaciais, e que queiram alargar a sua rede de contatos.

A participação no Summer Lab não tem qualquer taxa de pagamento e é garantido aos seus participantes:
– Kit de boas vindas;
– Almoços durante o Summer Lab;
– Transporte interno para trabalho de campo nos bairros sociais durante todos os dias do Summer Lab.

Daremos sugestões de alojamento de baixo custo (10-15€) próximos da área de trabaho. Todas as despesas não referidas acima serão da responsabilidade de cada participante. Os participantes são responsáveis por trazer material de desenho, computador pessoal, máquina fotográ ca ou outras ferramentas de trabalho com o qual estejam familiarizados. Os participantes que viajem a partir de um país exterior à União Europeia são responsáveis por assegurar qualquer tipo de visto necessário.

Inscrição
Para se inscreverem no Transcrever Summer Lab os candidatos deverão enviar para hello@spacetranscribers.com os seguintes detalhes: 
– Nome
– Carta de motivação
– CV (max 2 Mb)
– Portfólio resumido (max 10 Mb) e/ou website

A data limite para a inscrição no Summer Lab é 11 de agosto de 2017.

A seleção dos candidatos será feita tendo como base o seu cv, carta de motivação e portefólio apresentados e na sua mais valia para a diversidade de projetos que se prevê realizar durante o Summer Lab. Após o término do Summer Lab, será assegurado um certificado de participação a cada participante.

Organização
Space Transcribers

Contactos
Email

Telefone
(+351) 916 518 411 – Daniel Duarte Pereira (+351) 917 842 890 – Fernando P Ferreira

Info

Promotor
Município de Braga

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Space Transcribers
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  • Tema: Práticas Sócio-Espaciais nos Bairros Sociais de Braga
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