Boavista 339

 

A intenção dos clientes no projeto Boavista 339 era a de criar um edifício de habitação com T0 e T1´s.

Com apenas 88m2, uma frente de 5.50m virada para a Av. da Boavista e 2.00m de largura no alçado posterior, o terreno caracteriza-se pela sua pequena dimensão e uma configuração peculiar.

Considerando a tipologia do terreno, inserimos a caixa de escadas na zona central do volume, libertando as fachadas e otimizando assim a captação de luz natural no interior dos apartamentos. Uma lógica de distribuição recorrente no lote tipo da cidade do porto.

De forma a rentabilizar o terreno, procedemos a um complexo jogo tipológico de simplex´s e duplex´s a partir do primeiro piso, e integramos um pequeno espaço comercial no rés do chão valorizado por um pátio no alçado posterior

Desta forma conseguimos a redução de quantidade de área utilizada para corredores exteriores, (área não vendável) otimizando a dos apartamentos, o que nos permitiu integrar onze frações nos 649 m2 de área disponível, e garantindo uma grande variedade de tipologias distintas, cada um com características próprias, valorizando assim o imóvel. Apesar da variabilidade, e de forma a garantir uma fácil e correta execução de obra, tivemos a preocupação de padronizar os elementos que as compõe.

Considerando as áreas reduzidas dos apartamentos, e de forma a conseguirmos garantir uma sensação de maior amplitude espacial, abrimos completamente os alçados, entrelaçando os vãos em elegantes arcos de betão que desenham a fachada e lhe atribuem uma forte personalidade.

A escolha dos arcos tem aqui uma dupla intenção. Se por um lado ajudam a atribuir elegância ao alçado, através da conexão entre elementos que compõem a fachada, por outro, tiram partido do facto de que o arco ser o elemento arquitetónico que melhor se adapta à forma do corpo, reforçando o caracter empático do conjunto.

De forma a garantir a privacidade dos moradores, criamos canteiros com 0.80m de altura que bloqueiam os eixos perspéticos a partir da rua, atribuem conforto extra ao interior das tipologias e ajudam a compor o alçado, através do contraste entre os elementos naturais e o betão.

No alçado principal, os arcos definem os vãos de acesso a uma pequena varanda, com 0.60m de profundidade, também típicas na cidade do Porto.

Desta forma conseguimos um edifício, que ainda que esteticamente apresente um caracter muito próprio, reinterpreta a história, inspirando-se nas lógicas muito próprias da tipologia típica na cidade.

• Ivo Tavares Studio – Architectural Photography