A pretensão para o projeto Casa AF apoiou-se na ideia de que o “objeto” construído não colidisse com a envolvente próxima, mas que se integrasse com esta de forma natural, afirmando-se sem se impor. Delineado por uma plataforma, surge o edifício de habitação com 3 pisos, 2 dos quais acima do solo, de forma a libertar parte do terreno para a zona de logradouro e aproveitamento do espaço exterior.
A volumetria apresentada resulta da desconstrução e desmaterialização da forma “tradicional” da casa – um volume puro, com duas águas. Esse volume é “cortado” longitudinalmente, resultando daí apenas “meia casa” – volume este que se torna base de trabalho para a articulação do programa funcional. Naturalmente, e em conjugação com os diferentes espaços da organização programática interior, foram “retirados” espaços negativos na forma, que representam zonas de cobertos e varandas. Procurou-se uma volumetria exterior compacta, recortada pelos espaços “vazios”, mas com uma frente de rua reduzida, desconstruindo assim a forma para que se privilegie a entrada de luz natural.
Assente num conceito simples de habitar, desenvolveu-se uma habitação para o ‘uso’ diário. É através da valorização dos espaços de estar que se obtém uma clareza da sucessão entre espaços. Esta ideia traduz-se num espaço bastante fluido, promovendo a comunicação entre as áreas comuns. Se observamos o espaço desde o seu núcleo central, dado o pé direito duplo presente, conseguimos perceber uma comunicação natural entre a principal zona social e os restantes espaços, compreendendo também o piso superior, onde os quartos são ligados através de uma ‘varanda interior’, comunicante com a sala. A amplitude do espaço, reforçada pela sua clareza e pela luz, permite que os espaços se desenvolvam de forma natural adequando o programa de uma forma sequencial. Assim, o conceito ‘open space’ permite uma ampla relação entre todos os espaços da habitação.
Além das relações espaciais interiores, procurou-se também relação com o exterior e a natureza. Os negativos recortados nos alçados impõem uma relação direta entre o interior dos espaços e o seu exterior, materializando-se em espaços exteriores cobertos, garantindo a privacidade face à envolvente próxima. A volumetria compacta em articulação com a sua materialidade em tons neutros e os “vazios” recortados na massa que pretendem transmitir a sensação de molduras enquadradas na paisagem estabelecem uma relação de harmonia.
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Projeto
Casa AF
Localização
Mesão Frio, Guimarães, Portugal
Arquitetura
Grupo Zegnea 🔗
Arquiteto responsável
Hugo Lobo
Fotografias
João Morgado 🔗
Área construída
448,65m2
Ano
2022