1ª Fase de Reabilitação da casa e estufas – Jardim Botânico do Porto
A celebração do centenário da Universidade do Porto e a possibilidade de receber a importante exposição internacional A Evolução de Darwin sobre a sua vida e obra proporcionaram esta reabilitação, estendendo a intervenção às estufas concebidas nos anos 60 por Karl Franz Koepp.
No que se refere à Casa, o Programa procurava essencialmente:
– Resolver as inúmeras patologias, degradações existentes e intervenções desajustadas realizadas no edifício ao longo do tempo;
– Configurar um percurso expositivo lógico resolvendo os problemas de circulação vertical (articulação entre pisos e acessibilidade a cidadãos com mobilidade condicionada);
– Reformular as funções indispensáveis de apoio a um equipamento desta natureza, como instalações sanitárias, cafetaria e áreas técnicas;
– Melhorar os níveis de conforto infraestrutural (térmico, acústico, de segurança, etc.).
Atendendo às condicionantes de financiamento, a operação de reabilitação deveria ser de baixo custo e ser realizada num prazo extremamente reduzido – seis meses para projecto/concurso e seis meses para obra.
Outro pressuposto programático era portanto o seu faseamento, que passaria por realizar as obras indispensáveis para receber a exposição numa 1ª fase seguindo-se uma 2ª fase de projectos, concursos e financiamentos destinados à futura Galeria da Biodiversidade.
Face aos valores identificados, as intervenções foram direccionadas aos pontos críticos programáticos e construtivos. As operações necessárias foram sobretudo de demolição pontual, reorganização de espaços e reparação/recuperação com construção localizada para resolução de problemas funcionais e construtivos. A necessidade de criar um percurso no interior da Casa com uma lógica adaptada à acessibilidade de visitantes das exposições, tornou-se o fio condutor da intervenção arquitectónica.
Associou-se à pequena escada existente na ala nascente o espaço contíguo que continuaria a funcionar como átrio ao longo dos três pisos. Introduziu-se igualmente uma nova escada e um novo elevador – aproveitando a demolição de uma prumada de instalações sanitárias construídas em betão armado nos anos 50 com inúmeros problemas funcionais e construtivos – de forma a tornar a ligação entre pisos mais contínua e acessível. Através de um postigo existente no piso térreo semi-enterrado foi igualmente possível criar um acesso directo do novo átrio ao exterior evitando escadas.
As restantes funções de apoio como as instalações sanitárias, a cafetaria e as áreas técnicas situam-se igualmente no piso inferior. Esta relocalização permitiu abrir a casa ao jardim – a cafetaria tira assim partido de uma relação mais próxima e franca com o exterior. Note-se que, apesar destas alterações, apenas um terço da cave foi intervencionado ficando a restante área destinada a armazenagem e reserva nesta fase, aguardando os próximos programas.
Tendo-se verificado ser prioritária a intervenção na cobertura, fonte de inúmeras anomalias, optou-se neste caso por introduzir elementos de melhoria do desempenho de estanquidade e térmico, facilitando igualmente o acesso aos desvãos dos vários módulos da cobertura. Foram também realizadas as principais redes com a menor intrusividade possível (electricidade, segurança, águas, gás e aquecimento) e optou-se por sistemas portáteis de iluminação e humidificação/desumidificação nas exposições a ocorrer nesta fase. Todos os restantes trabalhos no interior foram sobretudo de recuperação dos materiais de revestimento e pinturas.
No exterior e atendendo ao razoável estado de conservação das caixilharias apenas se procedeu a uma pintura geral provisória das fachadas e ao arranjo da faixa ajardinada em contacto directo com a Casa. A cor avermelhada “de borra de vinho verde tinto” referida por descendentes da família Andresen, verificou-se através de ensaios de estratificação já ter pertencido à Casa. De resto, esta cor forte que complementa o verde do jardim circundante, contrasta com o interior cuja pintura branca revela a sua nova função expositiva. No hall conseguiu-se ainda recuperar uma faixa com as pinturas originais permitindo ao visitante imaginar o ambiente no início do século XX.
Como notas finais reforçamos a importância que teve o diagnóstico rigoroso para a correcta definição da estratégia de intervenção. Não se trata de reabilitação ‘low-cost’ (como à força muitos pretendem que a reabilitação se designe) mas sim de um projecto que cumpre um tecto orçamental e um prazo de execução, encontrando os valores a preservar e as prioridades na intervenção.
Casa Andresen
Universidade do Porto
Colaboradores
Maria Ana Sousa Coutinho,
Rui Valentim,
Pedro Costa,
Nuno Borges
Consultoria de Design
Luís Mendonça
Consultoria de Restauro
António Vasques
Paisagista
Paulo Farinha Marques
Especialidades
Prof. Eng. Vasco Peixoto de Freitas;
Prof. Eng. Aníbal Costa,
Raul Bessa (GET),
Raul Serafim
Fiscalização
Sopsec
Empreiteiro geral
Novopca
Área do terreno
Área construída
Área de Implantação
845 m2
Ano de Construção
2010-2017
Fotografia
João Ferrand & Mariana Themudo