As duas casas, vazias durante 20 anos, ficaram conhecidas pelo slogan “aqui podia viver gente” grafitado numa das suas fachadas. O novo proprietário pretendia construir 9 apartamentos para aluguer.
Como a antiga estrutura interior já não existia tivemos que adoptar decisões radicais que resultassem apropriados para os novos usos. O único que permaneceu das antigas casas foram os muros exteriores que foram conservados e reabilitados.
No projecto, em vez de utilizar-mos a forma fechada que a fachada antiga parecia sugerir, optamos por criar no seu interior quatro volumes isolados com formas diferenciadas que configuram quatro pequenas torres onde se sobrepõem os apartamentos. Cada apartamento tem cerca de 50m2 e consiste em dois pisos divididos por uma sala/cozinha e um quarto com casa de banho.
Ao dissociar os quatro pisos da nova fachada interior dos dois da antiga fachada o projecto conseguiu não destruir a escala da memória urbana. Os dois níveis de janelas existentes escondem agora quatro pisos novos em que a fachada existente passou a funcionar como um filtro entre os apartamentos e a rua bastante movimentada. Suscita-se uma tensão entre uma geometria articulada a partir do objecto existente (a fachada antiga) e um objecto de regras claras, autónomo, que se funde com eles (as novas torres).
O acesso aos apartamentos faz-se por uma galeria a céu aberto que conduz a uma escada comum também ela exterior.
A pequena escala aporta diversidade nas relações entre os apartamentos, entre os espaços exteriores e o terraço e, também, entre os residentes. Colectivamente os apartamentos convertem-se num único edifício gerando um ambiente que cria espaços para as relações humanas e de interacção com a própria cidade.
Arquitetos: EZZO
Localização
Porto, Portugal
Equipe
César Machado Moreira & Claudia Dias
Construtor
Matriz
Especialidades
A400
Área
930.0 m²
Ano do projeto
2015
Fotografia
Do mal o menos