Casa Cabeço

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A Casa Cabeço do Resto nasce do território e da sua vontade de buscar a luz disponível em um lote muito íngreme voltado para o norte. A construção desenvolve-se com uma atitude integradora, respeitando e adaptando-se à topografia desafiadora. Com um orçamento limitado e um desafio significativo, este projeto é um reflexo da minha pesquisa pessoal como arquiteto na Ilha da Madeira: como construir em terrenos tão complexos sem recorrer a grandes construções amuralhadas? Como aproveitar as características do relevo para o desenvolvimento da moradia? Como integrar o objeto arquitetônico em lotes muito inclinados?

Histórias de arquitetura nos oferecem diversos exemplos. As casas americanas da metade do século passado, construídas em terrenos inclinados, trouxeram soluções inovadoras. As “Case Study Houses” idealizadas por arquitetos como Richard Neutra, Eero Saarinen e Pierre Koenig buscavam soluções econômicas com novos materiais e, sempre que enfrentavam terrenos inclinados, suas soluções formais aproveitavam a topografia de forma espetacular e integrada à paisagem. Entre esses arquitetos, John Lautner é um dos que mais me inspira, utilizando cada centímetro da área para criar modelos únicos e casas extraordinariamente bem implantadas, aproveitando todas as nuances do terreno para a criação de moradias excepcionais.

Na Madeira, a topografia pode ser vista como uma contrariedade ou, como prefiro encarar, uma oportunidade. A Casa Cabeço do Resto, amplamente reconhecida e publicada em revistas e sites de arquitetura, exemplifica como o território e a exposição solar são ferramentas fundamentais na modulação do espaço construído e na orientação da intervenção arquitetônica. A implantação da moradia em contato com a topografia existente define suas múltiplas cotas, enquanto a vontade de integração com a paisagem define a forma da casa, separando o programa privado do social e estabelecendo volumes que se fundem com naturalidade no terreno. A casa busca a cota mais elevada para aproveitar a luz solar, e a topografia força o desdobramento do projeto em três volumes: o programa privado adaptado ao terreno, o programa social elevado em torno da vista espetacular e um acesso vertical que conecta os dois.

O resultado dessa abordagem, onde o objeto arquitetônico nasce das referências fundamentais do lugar e se desenvolve sem colagens ou modismos, reflete profundamente minha formação e pesquisa como arquiteto. A arquitetura portuguesa, em especial, valoriza a ideia de que nossas construções devem ter um sentimento de pertença ao lugar em que se inserem.

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FICHA TÉCNICA

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Projeto
Casa Cabeço

Localização
Santana, Ilha da Madeira, Portugal

Arquitetura
Atelier Bruno Martins

Ano
2010

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