Um conjunto de sólidos quase cegos, para a envolvente, tensionados entre si, procuram através da escala e da acentuação do recorte no desenho do limite das superfícies, enfatizar os jogos de luz/sombra, propondo uma leitura cambiante ao longo do dia.
O recorte e vazamento da massa propõe uma articulação de sólidos e pátios murados que se sucedem para organizar cadenciadamente um programa corrente. Os vãos contidamente rasgados ou colocados nos espaços intersticiais, entre os diversos sólidos, permitem de modo muito controlado usufruir de enquadramentos escolhidos.
A escala, os vãos e os lanternins, são instrumentos para captura e orientação de luz, que difusa ou directamente, desenha e pigmenta os planos interiores ao longo do ciclo diurno.
No interior do perímetro, uma sucessão de relações horizontais e verticais entre sólidos, vazios e recortes, procura estruturar a identidade espacial da casa.
As portadas exteriores, cegas rebocadas tal como as superfícies de revestimento do objecto, quando fechadas tornam os volumes praticamente cegos na procura de uma leitura clara da forma.
Algumas ambiguidades na leitura e definição da inter-relação entre elementos contentores e contidos joga com a capacidade e interesse do observador na descodificação do desenho do espaço e da forma.
Projeto
Casa em Tróia
Localização
Tróia, Portugal
Arquitetura
Jorge Mealha
Equipa
João Sítima, Luís Banazol, Pedro Pereira, Marcelo Dantas
Área
207.0 m2
Ano
2003
Fotografias
Jorge Mealha