O edifício existente é um elemento referencial da malha urbana da cidade de Amarante e faz parte da memória colectiva de todos os que vivem ou viveram a cidade. Assim, a nossa atitude projectual para o Cine-Teatro de Amarante é de manter e reforçar a leitura do corpo principal do edifício – identificador da imagem deste equipamento – expurgando-o de todas construções anexas sem qualidade arquitectónica, expressão da sua descaracterização e degradação.
Propõe-se, em primeiro plano, um volume, quase cego, que “abraça” o edifício a manter, com quem estabelece claras relações de proporção e escala. Os dois volumes não se tocam, sendo desligados por panos de vidro verticais, que resolvem os contactos interior/exterior mais ou menos transparentes.
Os segundos e terceiros planos do volume novo afastam-se das fachadas principais reduzindo a sua expressão volumétrica desde pontos de vista reais, o que corresponde a uma leitura e relações proporcionais que o desenho em alçado não garante.
O projecto mantém o sentido da composição do edifício existente, mantendo o acesso do público pela entrada central da fachada. Esta ideia de entrada principal levou-nos a apresentar a sugestão de alargamento do passeio existente, com escala suficiente para constituir marcação desta relação interior/exterior. Evidentemente que esta é apenas uma sugestão que resulta dum pensamento muito focado no edifício. A sua viabilidade dependerá de uma avaliação mais global ao nível da reorganização de todo o espaço urbano adjacente que deverá ser objecto de um outro nível de decisão.
O exterior do edifício a manter foi recuperado integralmente, mantendo-se os panos de reboco pintado com cor clara, as cantarias e as guarnições dos vãos em granito, e as coberturas em telhado com telha cerâmica à cor natural com os respectivos beirais.
O primeiro plano do novo volume foi realizado em betão descofrado e pintado com o intuito de melhor identificar o carácter monolítico do volume e de expressar, por oposição de linguagens, a articulação entre a nova intervenção e a preexistência.
Os volumes mais proeminentes são recuados relativamente aos planos, mais baixos, definidores da volumetria das fachadas, o que contribui para a redução da sua presença desde pontos de vista mais próximos. Para além disso propôs-se que fossem parcialmente revestidos com um sistema de LED, suporte de informação das actividades/espectáculos do Cineteatro.
Dada a exiguidade do terreno disponível relativamente ao programa que se pretende instalar, foi também inevitável que a envolvente do novo contentor fosse praticamente cega. Exceptua-se a fachada voltada à rua lateral onde foram rasgadas francas aberturas, o que, no entanto, se considerou absolutamente contraditório com o carácter do programa de ocupação e com a concepção espacial do interior.
As restantes fachadas voltadas aos terrenos vizinhos, ou são completamente cegas, ou possuem aberturas pontuais que garantem uma boa relação dos espaços de trabalho com o exterior.
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Projecto
Cine-Teatro de Amarante
Localização
Amarante, Porto
Atelier de Arquitectura
CPRATA ARQUITETOS
Arquiteto Responsável
Carlos Prata
Colaborados
Joana Pereira, Mafalda Mendonça, Nelson Cirne, Ricardo Aleixo, Sara Almeida
Fotógrafa
LFA | Marta Ferreira
Área Construída
3960 m²
Ano
2023