Escritórios Revigrés

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Iniciar um trabalho começa, quase sempre, por uma visita ao local.

Para um arquiteto, quase sempre, o local é um terreno, outras vezes um interior. Desta vez um interior que também é um exterior.

Os novos gabinetes da Revigrés têm premissas muito claras e definidas por quem os vai utilizar: proximidade da nova área de produção, funcionalidade, sustentabilidade e, se possível, identidade e harmonia.

No início pensei que a proximidade seria com a produção, mas em edifício autónomo em relação aos pavilhões da Unidade 2, e, por consequência, que todas as premissas tinham um valor e interpretação diferentes.

A visita ao local surpreendeu-me pela necessidade e vontade de construir um edifício dentro do existente.

Surpresa, alguma perplexidade, agrado pelo desafio que nos condimenta a profissão, espanto pela complexidade e automatização da cadeia produtiva e a constante montagem e transformação de equipamentos e tecnologias.

Aqui e ali havia materiais algo dissonantes, provisórios, que contrastavam com a alta tecnologia dos equipamentos, do processo produtivo e dos materiais produzidos que, de algum modo, escondem a química e a mecânica deste processo de transformar matéria.

Um caixote de grandes dimensões que terá, certamente, albergado alguma peça e garantido o seu transporte, aguardava a sua remoção e a sua transformação em algo diferente permitido pelo material e engendrado pelo engenho de quem domina estas novas tecnologias.

Contentores pensados, à medida, utilizados e posteriormente reutilizados numa lógica de funcionalidade e de sustentabilidade responsável.

Os novos gabinetes da Revigrés, localizados no interior da Unidade 2, e no extremo sul, nada mais serão do que contentores, caixas de grandes dimensões, onde se irá trabalhar, não sem alguma adversidade térmica e sonora inerente à produção de material cerâmico.

Como acontece com os caixotes de transporte de peças, foi necessário interpretar as necessidades e exigências dos clientes e utilizadores, as condições técnicas, prazos e economia de custos e bens.

No desenvolvimento do projeto, a vontade de se fazer algo sustentável era mútua.

Como é comum nestes processos, alguns valores banalizam-se e algumas palavras tornam-se palavrões; a sustentabilidade perde a sua nobreza e tornasse chavão para rotular tanto o bom como o medíocre.

Este caso é sustentável porque a vontade de o fazer é muita e está, ela própria, sustentada em razões que estão para além da mera necessidade.

Os contentores têm uma estrutura de madeira de casquinha; as paredes, pavimentos e tectos são feitos em painéis de aglomerado de madeira. O isolamento térmico e acústico é de aglomerado negro de cortiça expandida. Os pavimentos e paredes das áreas das instalações sanitárias são revestidos com material cerâmico.

Simples contentores em madeira e vidro albergam a vontade dos que os mandaram fazer, dos que afagaram as madeiras e as encaixotaram, dos que os riscaram para que possam conter pessoas e bens em harmonia com o ambiente e obedecendo às exigências da produtividade. Os materiais de encaixotamento tornam-se, assim, materiais de acabamento e conforto.

Num amanhã que, esperamos, seja longínquo, poderão ser transformados noutros contentores, caixas e caixinhas, numa lógica de sustentabilidade que a mente humana será sempre capaz de reinventar.

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FICHA TÉCNICA
Projeto

Escritórios Revigrés

Localização
Barrô, Águeda, Portugal

Cliente
Revigrés

Arquitetura
Carlos Castanheira

Colaboração

José Carlos Soares, Joana Catarino, Carolina Leite
Ano do projeto
2013
Estruturas
HDP, Gabinete de serviços e projectos de engenharia civil, Lda.
Elétrica
Igemaci Engenharia S.A.
Carpintaria
Henriques e Rodrigues Lda.
AVAC
Ar Puro Lda.
Eletricidade e Drenagens
Electro Clara Lda.

Ano do projeto

2012-2013

Fotografias

Fernando Guerra | FG+SG | Últimas Reportagens

FOTOGRAFADO POR
Galeria
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