Moradia Verdizela | Humberto Conde
A casa desenvolve-se com a frente principal para a Rua Ria de Aveiro e ocupa a área central do terreno. A entrada no lote pelo acesso pedonal é feita à cota de rua 48.80m, sendo que se optou por implantar a moradia à cota 50.22m. Deste modo, a moradia surge elevada em relação ao perfil natural do terreno do lado sul, marcando o momento de entrada ao espaço interior da moradia, e encontra a cota do terreno na zona mais elevada do lado noroeste.
O conceito do projeto assenta sobre duas permissas fundamentais:
a) A ideia da construção “pousar” delicadamente no terreno mantendo assim a morfologia natural do mesmo;
b) A criação de duas grandes lâminas horizontais em betão que contêm o programa e permitem enquadrar os espaços sobre o verde envolvente.
No reforço das permissas supracitadas, propõe-se uma casa que viva da dualidade entre o meio externo e interno, num paradoxo da qual ficam mais evidentes as inter-relações da Bio e Noosfera: uma casa no campo, um campo em casa. Como exemplo fundamental, temos uma Zona de Estar e de Refeições cujos limites se perdem no horizonte visual.
O programa da moradia distribui-se em 2 pisos de habitação (o piso 0 e o piso 1) mais um piso de cave.
O piso -1 tem 2,4m de pé direito e dois pátios ingleses que permitem a iluminação e ventilação natural dos espaços de ginásio e de tratamento de roupas. Os restantes espaços destina-se a arrumos e zonas técnicas de apoio ao funcionamento da moradia.
O Piso 0 encontra-se resguardado por dois planos horizontais que funcionam simultaneamente como pavimento e cobertura, criando zonas de sombreamento contínuas, indispensáveis para proteção solar no verão.
A entrada é servida por uma porta pivotante que se estende do chão ao tecto, de modo a que quando esteja encerrada, a visão que se tenha seja a de um plano contínuo que reforça ainda mais a horizontalidade da casa. No interior, os espaços organizam-se perpendicularmente ao eixo de entrada, ideia esta reforçada pela presença do corredor e da caixa de escadas: à direita, a zona privada da casa, composta por 4 Suites, sendo que, a Instalação Sanitária da Suite 1 serve também a zona social da casa; à esquerda, a zona social com Zona de Estar, de Refeições e Cozinha, unidas numa mesma área. A cozinha, será servida por um pequeno jardim de inverno que permite ainda o acesso secundário à moradia.
No prolongamento da Zona de Estar, destaca-se o enorme alpendre que se projecta em direção à piscina que muito será utilizada em dias de maior calor.
No piso superior (piso 1), existe um pequeno volume que surge de forma a equilibrar a horizontalidade assumida no piso inferior. De tratamento distinto, o revestimento será em ripado de madeira orientado na vertical, permitindo a abertura pontual de vãos desde o pavimento ao teto e ao mesmo tempo, fazer o sombreamento controlado para o interior dos espaços.
Este volume inteiramente encerrável por portadas em fole e por janelas de sacada recuadas em relação à fachada, abrigará no seu interior o Escritório, Zona de Estar e um Jardim Interno.
Tal como neste piso, nos restantes espaços da casa, todos os vãos procurarão tirar o máximo partido das condições ambientes locais sem jamais comprometer o desempenho energético. Por outras palavras, a salubridade estará garantida pelas altas janelas de sacada que irão providenciar uma boa ventilação e iluminação natural.
As coberturas do piso 0 e piso 1, estão preparadas para serem acessíveis para manutenção de equipamentos e materiais mas não para espaços de estar de permanência.
Para além dos equipamentos técnicos, a cobertura do piso 0 é ainda marcada pelas 5 claraboias que permitem a iluminação natural das instalações sanitárias e closets do piso 0.
A intervenção no exterior da moradia é caraterizada por cinco soluções de revestimentos:
– Zona de entrada pedonal localizada a Sul, contígua ao portão de homem, revestida a betonilha afagada;
– Espaços de estacionamento automóvel (estacionamento a sul com capacidade para 4 carros+estacionamento a norte com capacidade para 1 carro), acessíveis a partir dos portões exteriores do lado sul e poente respetivamente, formalizados com grelhas de enrelvamento da marca GlobalPAV, modelo PaviGreen, com 100% de permeabilidade, não havendo certificado do LNEC, foi considerado apenas 50% permeável;
– Lajetas em betão armado a sul, que fazem o acesso principal à moradia e que acompanham o perfil natural do terreno;
– Jardim relvado à volta de toda a moradia, complementado por algumas espécies arbóreas e arbustivas;
-Gravilha em mármore cinza (100%permeável) a revestir os dois pátios ingleses do piso -1 e a zona de queda de água da piscina.
No muro principal do lote, os contadores vão ser integrados numa caixa metálica que terá 1,70 metros de altura. Neste alçado e nos alçados poente e norte, os muros serão em vedação com tubos metálicos de 2metros máximo de altura. O muro a nascente, em alvenaria, terá 2m máximo de altura em relação ao perfil natural do terreno.
O acesso pedonal é feito por um portão em estrutura de ferro, tubos R4S 50x50mm, lacado e pintado na tinta esmalte na cor cinza claro, e na sua continuidade existe uma caixa revestida com chapa de aço de inox lacada a tinta acrílica na cor cinza claro, onde vai estar integrado o número de polícia com a identificação da moradia, intercomunicador, campainha e recetáculo postal. Os restantes contadores serão aplicados à face do muro exterior, segundo as normas vigentes e integrados com o mesmo material de revestimento. (recetáculo postal).
Nome | Moradia na Verdizela
Localização | Verdizela
Promotor | Particular
Autor | Humberto Conde
Colaboradores | Victor Hugo Faustino
Modelo 3D | André Cordeiro (HRA-Lisboa)
Data | 2018