Palácio de Santa Helena – A área de intervenção situa-se numa zona elevada de Alfama, Lisboa, exposta a sul, e com vista privilegiada para o estuário do rio Tejo. O Palácio de Santa Helena foi construído pela família Siqueira, que nele viveu por três séculos. A sua génese final resulta da soma de diferentes lotes que, desde 1594, a família Siqueira adquiriu nesta zona da cidade. Com origem no século XVII, o Palácio foi objeto, ao longo do tempo, de diversas e profundas campanhas de construção, quer em resposta a fatores externos, de que se destaca o terramoto de 1755, quer em resultado de fatores intrínsecos à história do própria família, sujeita a períodos de maior ou menor protagonismo social, que foram acompanhados de novas exigências programáticas.
Em 1993, uma Cooperativa de Formação e Animação Cultural adquiriu o terreno para aí instalar equipamento escolar. Para tal, levou a cabo um programa de demolições, novas construções e adaptações que, à semelhança de algumas intervenções anteriores, trouxeram um fraco valor arquitectónico e construtivo. Este, deu lugar a um conjunto incoerente, e a uma construção que tinha perdido não só a sua finalidade como também a sua nobreza.
A ideia do projeto é construir um grande vazio, um grande pátio de acesso, aproximadamente quadrado e completar a periferia irregular, entre esta e o limite do lote. Não alterando a relação que o edifício estabelece com a cidade, clarificando a leitura do Palácio e devolvendo-lhe a sua importância. Os limites do lote e a relação com a envolvente fazem-se através de um grosso muro habitado. A intervenção no Palácio realizou-se com a demolição de todos os pequenos corpos espúrios, sem valor patrimonial, que lhe foram sendo acrescentados ao longo do tempo, incluindo a correção das coberturas, de modo a que cada um corresponda a um corpo formal e histórico. Dentro da mesma lógica de recuperação da grelha arquitetónica e atribuição funcional, foram suprimidos todos os compartimentos interiores introduzidos na última intervenção.
A volumetria principal existente corresponde a um grande paralelepípedo com duas alas que se estendem para Norte e Nordeste fechando o terreiro nesse sentido. Os alçados existentes, com a introdução/correcção de vãos de janelas, visam harmonizá-los com os restantes, ou dotar os espaços interiores de condições de habitabilidade, respeitando sempre a camada pré-existente. A correção da cobertura é feita recuperando o pressuposto de que a cada campanha de obras terá correspondido a adição de um novo volume, com cobertura autónoma.
“Este projecto foi um exercício de democratização do património: o espaço onde vivia uma família é agora partilhado por várias.”
— Arquitecto Samuel Torres de Carvalho
https://www.instagram.com/samueltorresdecarvalho/
https://www.facebook.com/Samueltorresdecarvalhoarquitectos
https://www.linkedin.com/in/samuel-torres-de-carvalho-0a096335/
Projeto
Palácio de Santa Helena
Localização
Alfama, Lisboa, Portugal
Arquitetura
STC-Arquitectura
Arquiteto Responsável
Samuel Torres de Carvalho
Construtora
San Jose
Fotografia
STC-Arquitectura
Área
3250 m2
Ano
2015-2021