A Quinta de Velude está situada numa encosta virada ao Rio Douro, abandonada há 40 anos a quinta destaca-se pela sua extraordinária história e pela sua Casa Senhorial com uma Capela barroca. Uma vez que a quinta e a sua casa senhorial permaneceram abandonadas, a sua autenticidade nunca foi desvirtuada. Pela razão de tal abandono, a quinta ficou completamente isolada e totalmente esquecida, não tendo sido nunca até agora, identificado o seu valor patrimonial que só a sua história só por si justificaria. No séc. XIV a Quinta é atribuída aos Morgados de Velude como uma honra cuja extensão original levaria ao Rio Douro. Desde essa data esta pertenceu à família e o primeiro testamento conhecido é dos fidalgos Vasco Esteves de Matos e Madalena Gil, os fundadores da Capela de Santo António (1388).
A Casa de Velude atesta um valor cultural e patrimonial considerável, aliado à beleza discreta da sua capela barroca e ao sistema ancestral da sua particular distribuição sequencial de compartimentos. Esta reabilitação procura introduzir exigências de conforto do Séc. XXI permanecendo absolutamente fiel aos valores tradicionais – na sua espacialidade original segundo o Prof. Aníbal Costa é um raríssimo exemplar no país. No seu relatório podemos ler: “A Casa de Velude tem um valor cultural e patrimonial ainda para escrever e investigar, para além da beleza discreta da sua Capela, o belíssimo altar e, da Casa que ainda comporta o sistema muito antigo de organização interna dos espaços, em que não existia corredor de distribuição e as salas eram sequenciais, enquanto espaços de caracter com maior interação com pessoas externas à família. Uma organização interna (…) que tinha também uma função de equilíbrio de temperatura e humidade dentro da casa, ou seja, do conforto do interior, quer para aquecimento quer para arrefecimento e onde a ventilação natural era um complemento obrigatório.”
O verde Douro nas pinturas a óleo dos interiores, os vermelhos e ocres nas portas e janelas – com as suas madeiras em castanho novas, igualmente pintadas a óleo – ou os azuis dos pigmentos em óxido de ferro. Todos estes elementos originais se articulam com a contemporaneidade revelando os valores materiais e imateriais num diálogo entre novo e antigo, entre a tradição e modernidade.
O projecto pretendeu restaurar a casa existente, transformando-a num espaço de habitar, de convívio e de lazer. Manteve-se a relação de cotas e de alturas de fachadas existentes e, honrando a morfologia do existente, ocupam-se os espaços interiores com novos ambientes, adaptados às condições e exigências habitacionais actuais.
A piscina foi executada integralmente com granito reciclado de um tanque de água cuja mina secou, articulando o conforto da tecnologia em simbiose com as enormes peças desmontadas, identificadas e re-assembladas; observa-se, nas suas juntas de corte singular, o conhecimento ancestral do trabalho de cantaria e, na tensão entre estas duas lógicas, encontramos o paradigma construído da relação entre o passado e o presente.
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Projeto
Quinta de Velude
Localização
Douro, Portugal
Arquitetura
Correia/Ragazzi Arquitectos
Arquitetos Responsáveis
Graça Correia, Roberto Ragazzi
Fotografias
Arménio Teixeira
Área
320 m2
Ano do projeto
2023