– Trata-se de um apartamento integrado num edifício “gaioleiro”, típicos da cidade de Lisboa, lotes que habitualmente se desenvolvem longitudinalmente, com pouca iluminação central e bastante estreitos.
Estruturalmente o edifício encontrava-se em muito bom estado tendo em consideração a sua data de construção, em termos de materialidade preservava ainda o pavimento de madeira original e alguns dos tectos decorativos em gesso típicos desta construção, a única zona totalmente desprovida de memória era a da cozinha e instalação sanitária nas quais tinha sido levado a cabo uma intervenção profunda que descaracterizou por completo estes espaços. Optou-se por, nestas duas zonas, remover os revestimentos pobres e descontextualizados e adaptar as duas áreas por forma a responderem não só às necessidades dos clientes mas também irem ao encontro da memória do apartamento.
Clarificada a premissa do projecto passou-se para o desenvolvimento detalhado de cada espaço. Os dois espaços virados para a frente do edifício abriram-se para receber uma ampla zona de estar que receberia a sala de estar, sala de jantar e um pequeno escritório que rapidamente se poderia transformar num quarto de hóspedes. Reformula-se a cozinha e a instalação sanitária, desenha-se o quarto em articulação directa com um novo espaço destinado a receber um closet, tira-se proveito das zonas mortas para a criação de arrumação e redesenha-se o grande terraço situado na zona tardoz do apartamento. Este é um projecto que, à semelhança dos anteriores, procura ser pet friendly sem perder a leveza e elegência que caracterizam um edifício desta época. Posto isto, cada espaço foi desenhado para responder à suas necessidades específicas e potenciar a relação antigo/novo através da utilização de materiais como o lioz e as cores neutras que potenciam a iluminação natural de cada espaço e conferem ao apartamento maior clareza espacial.
O grande objectivo deste projecto, para além da clarificação e reorganização dos espaços, passa por reavivar a memória do apartamento, restaurar os apliques de gesso existentes e adicionar novos, recuperar o pavimento original e desenhar todo o mobiliário que irá servir os diferentes espaços numa ligação directa e contínua entre o antigo e o novo, a memória e a contemporaneidade. Potencia-se a relação e o diálogo entre a pré-existência e os acrescentos, a resposta clara às novas necessidades dos clientes sem nunca descurar das técnicas construtivas antigas enriquecidas pelas novas formas de construir.
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Projecto
Vieira Lusitano 🔗
Localização
Lisboa, Portugal
Arquitetura
Fotografia
Frederico Martinho 🔗
Área total construída
105m²
Ano de conclusão da obra
2021