O Centro Cultural do Município do Cartaxo localiza-se na praça principal e chama a atenção pela consola de betão que, como uma “barriga de baleia”, se projecta sobre rua e foyer para albergar a sala do teatro. Situado entre duas empenas, na modesta escala urbana o edifício introduz um carácter iconográfico de sentido público que permite equilibrar a relação entre a exiguidade do lote disponível e o extenso programa pedido. Relações de transparência visual deixam que o interior se estabeleça como uma extensão da praça e do exterior se sinta o movimento, o uso do edifício em funcionamento. Parte da fachada é ocupada por um elemento mediador de escalas, um pórtico em betão e vidro, através do qual se “habita” a parede exterior como um espaço de estar. Um volume de vidro, uma “bow-window”, projecta-se da fachada para a rua, sendo um ponto especial de relacionamento com o espaço urbano.
O edificio contempla duas salas de dimensões e finalidades distintas. A luz é trabalhada nestes espaços como matéria esculpida, que se revela através de outras superfícies. A sala mais pequena, para 90 pessoas, é destinada a cinema e audiências. A sala maior, para 330 pessoas, permite receber: apresentações de teatro, de dança ou espectáculos de música.
Os espaços do foyer procuram construir uma dimensão cenográfica e coreográfica potenciada através de diversas escalas e da presença de elementos que o pontuam e organizam. O foyer estrutura-se entre a superfície de betão e uma caixa de vidro/biombo de luz que ilumina e organiza os percursos entre os vários pisos deste espaço. As paredes da cave revestidas a placas empilhadas de ardósia enfatizam o sentido de espaço esculpido, enquanto que as paredes laterais constituídas por ripado de madeira de pinho atribuem uma certa continuidade entre os diversos espaços do foyer. O acesso à sala maior é feito lateralmente por escadas revestidas a ardósia e por rampas a partir do piso do mezanine.
O corpo do palco encontra-se na parte posterior do edifício e apresenta-se como um volume branco sobre uma entrada envidraçada, enfatizando a dimensão pública e cultural do edifício. Este corpo inclui os camarins, sub-palco, fosso de orquestra, teia, e todos os espaços que garantem o seu correcto e completo funcionamento.
O edifício é constituido por uma estrutura em betão armado moldado, que define as principais áreas do edificio e que nas zonas públicas fica aparente. A estrutura do auditório é em betão à vista, com uma consola de cerca de 22 metros, pré-esforçada. As paredes interiores são curvas em betão aparente e onde a luz é trabalhada como uma matéria esculpida. O pavimento é autonivelante, os tectos em gesso cartonado e cadeiras foram estudados para uma boa acústica das duas salas.
Nas áreas técnicas e camarins, optou-se por reboco pintado com cores fortes e saturadas, para distinção destas áreas com as áreas do público.
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FICHA TÉCNICA
EQUIPA
CVDB Arquitectos Associados
ARQUITECTURA – AUTORIA E COORDENAÇÃO
Cristina Veríssimo
Diogo Burnay
ARQUITECTURA – COLABRAÇÃO
Alberto Vinagre
Filipa Pedro
Patrícia Pedrosa
Marta Santos
Patrícia Ribeiro
Rui Cavaleiro
Sofia Louro
António Cotrim
José Ferreira
Patrick Pessoa
Manuel Pelicano
ESPECIALIDADES
Quadrante
CONSULTOR DE ESTRUTURAS
Professor António Adão da Fonseca
Consultor de equipamento e mobiliário
Atelier Daciano Costa
Consultor de ACÚSTICA
Certiprojecto – Eng.º Palma Ruivo
Consultor de TEATRO
Professor José Carlos Barros
Fiscalização
Município do Cartaxo
CONSTRUÇÃO
Teixeira Duarte
LOCAL
Cartaxo – Portugal
CLIENTE
Município do Cartaxo
PROCEDIMENTO
Concurso por convite – 1º Prémio
CRONOLOGIA
Concurso – 2001
Projecto – 2002
Obra – 2005
ÁREA DE CONSTRUÇÃO
3.200,00 m²/sqm
CUSTO TOTAL DE CONSTRUÇÃO
3.000.000,00 Euros
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
Fernando Guerra | FG+SG
FOTOGRAFADO POR
Galeria
