Casa em Vilamoura

Categorias: Unifamiliar

O lote confronta-se a Nascente com a Rua dos Caminhos do Golfe, a Sul com um lote onde se econtra edificada uma habitação uni familiar, a Poente com o campo de golfe nº1 e finalmente a Norte com um pequeno espaço público verde. Características deste terreno são a sua topografia descendente na direcção Norte/Noroeste, a relação visual com o campo de golfe a Poente e com o horizonte montanhoso a Norte, a forte presença e morfologia do arvoredo – pinhal – e finalmente a especificidade paisagistica e urbana do território envolvente.

A pendente Norte/Nordeste e a relação visual a Oeste com o campo de golfe impedem uma favorável orientação a Sul. Criam-se assim três eixos de força aos quais se sobrepõe a mancha de arvoredo. Esta última implanta-se na metade Sul do terreno, onde o declive é mais acentuado, em contraste com a metade Norte, na qual a pendente é mais suave e o arvoredo inexistente. Naquela parte superior do terreno surgem espaços intersticiais – pequenas clareiras – entre o arvoredo de copas altas. A altimetria destas clareiras permite a relação visual com o campo de Golfe e com o horizonte montanhoso a Norte.

A topografia do território envolvente é marcada por dois tipos de paisagem; a Norte na direcção da serra, o Algarve Calcário e a Sul o Algarve Litoral. Do Algarve Calcário, retemos a sua fisionomia acidentada e o trabalho ancestral do homem para dominar a paisagem, através da construção de muros de suporte em pedra da região – socalcos. O Algarve Litoral, no qual se implanta o plano de Urbanismo de Vilamoura, caracteriza-se por terrenos arenosos pouco acidentados nos quais se desenvolve um arvoredo de pinheiros mansos – pinhal.

O Plano de Urbanismo de Vilamoura singulariza-se por algumas características do Movimento Moderno. No centro, com amplos espaços públicos e edifícios altos — matriz do paradigma Moderno – podemos encontrar peças arquitectónicas que utilizam esta linguagem. Em redor do centro, encontramos outros edifícios de cércea inferior que desenvolvem também este tipo de arquitectura. Mais a Norte, em redor dos campos de Golfe e por entre os pinhais, desenvolve-se outra morfologia típica da aventura Modernista – a Cidade Jardim.

Programa

O programa do projecto é o estipulado pela afectação do plano de pormenor deste lote – uma moradia unifamiliar de 240,20 m2 de área de implantação — organizado da seguinte forma: Dois quartos principais com casa de banho privativa aos quais se associa um escritório, e dois quartos secundários que partilham uma casa de banho e uma pequena sala, formam a parte privada da habitação. A parte pública é composta por um vestíbulo, cozinha, sala de jantar e sala de estar. Em subsolo organizam-se as áreas de circulação, de serviços e de apoio; No exterior projecta-se o interior através de terraços, pátios e uma piscina, com o seu espaço técnico e instalação sanitária enterrados.

Proposta

A implantação é determinada por condicionantes de enquadramento e de funcionalidade. O programa é dividido em três volumes – área pública, quartos principais e quartos secundários – ocupando as clareiras existentes de forma a estabelecer um diálogo com o conjunto arbóreo pré – existente. Os volumes implantam-se a diferentes cotas de forma a respeitar a pendente natural do terreno, permitir relações visuais com a paisagem envolvente e captar a radiação solar de Sul.
Em subsolo desenvolvem-se as circulações entre estes três volumes independentes, sala de jogos, quarto de serviço, zona para caseiros, casas de banho de apoio e de visitas, arrumos, dispensa, espaço técnico e lavandaria. Estas zonas são iluminadas zenitalmente através de diversas claraboias, profundos pátios escavados no terreno e pequenos terraços.

Da topografia do território envolvente, para além das relações com o terreno acima mencionadas, salienta-se uma referência mais abstracta aos socalcos, construções tradicionais utilizadas nesta região para dominar terrenos em pendente. Assim, os volumes edificados articulam-se com o terreno através de três muros de retenção de terras em betão armado, que marcam e revelam a especificidade topográfica daquele. A cada um destes muros associa-se uma laje horizontal de cobertura, definindo assim os espaços habitáveis. Os muros verticais e as lajes horizontais articulam-se do lado Sul através de uma fenda horizontal calculada para captar a radiação solar entre o Equinócio de Verão e o Equinócio de Inverno. As lajes prolongam-se em balanço de forma a criar uma continuidade e articulação entre o interior e o exterior, e assegurarem uma protecção contra a radiação solar e a pluviosidade. A cobertura horizontal permite que os dois blocos mais a Sul possam desfrutar da vista entre Poente e Norte. No exterior outros muros de betão são projectados de forma a articularem o terreno e criarem diferentes tipos de espaços exteriores.

O resultado é uma linguagem contemporânea, perto do regionalismo crítico, na qual se associam especificidades regionais e Modernistas, criando assim uma dualidade entre as características urbanas originais de Vilamoura e a paisagem envolvente.

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FICHA TÉCNICA

Projeto

Casa em Vilamoura 

Localização
Rua do Caminho do Golfe – Vilamoura, Algarve, Portugal

Cliente
Dr.ª Liliana Palhinha

Arquitetura
Pedro Rogado
Colaboração
Hugo Formiga, Maria Marques, Liliana Esperança, Joana Fonseca, Ana Lobo Faria

Estruturas

Eng.º Vasco Farias

Infra-estruturas
Graucelsius – Engº Vasco Pedroso

Construtora
Simão & Martins – Construção civil e obras públicas

Fotografia
Fernando Guerra
Galeria
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