A Casa do Vale é um abrigo isolado que nos leva a um lugar no tempo onde o homem vivia em um ambiente puramente natural devido à falta de habilidade técnica para transformá-lo. Comecei a definir intenções. A vontade de respeitar a topografia local e de levar o povo, através da casa, para cobrir e usufruir 10.000m2 de área disponível foram os primeiros a aparecer. Eu queria um volume proporcional em relação à terra. A ideia de um objeto perdido no vasto espaço não me agradou, então eu criei um elemento longo e compacto embutido no chão.
A casa é voltada para o vale e a serra, a piscina fica do lado oposto, no telhado com sua cobertura vegetal. Eu queria uma relação forte entre o interior e o exterior, mas não direta, ou seja, deveria haver um amplo contato visual, mas a transição física de um espaço para o outro não poderia ser imediata para a Natureza em todo o seu esplendor e a natureza selvagem. a fauna impunha respeito e até medo. Portanto, as grandes janelas ficam mais altas do que o nível externo, o que as transforma em plataformas de contemplação. Esta diferença de nível entre o espaço interior e o exterior é suficiente para transmitir conforto e segurança em dias de isolamento absoluto.
Quando se entra no local, vê -se a casa escondida atrás da natureza sem nenhum caminho construído até a entrada, o que faz com que pareça ainda mais um elemento isolado no espaço. A primeira impressão que temos, quando chegamos à planície do Vale, não mostra a verdadeira forma da casa, então, ao caminhar pela terra, descobre-se o resto da casa gradualmente e isso provoca um efeito surpresa quando se finalmente consegue ver tudo. Esse “elemento surpresa” (Montesquieu) contribui para estimular o observador e sua percepção da relação entre o espaço e a casa.
A experiência arquitetónica é feita à base de estímulos sensoriais. Este projeto procurou, a melhor forma possível de explorar sensações através da percepção do espaço.
A casa é feita de betão, usada como elemento construtivo e de acabamento, procurando uma materialidade dura e uma estética contrastante com a diversidade cromática e textural da natureza que a circunda. No interior, esse contraste é enfatizado pela cor neutra que reveste as paredes e o teto e pela maneira “monótona” em que o espaço é projetado.
Abrigo era uma questão de sobrevivência para o homem, um ponto de virada em sua existência, o essencial para continuar. Esta casa não pretende ser mais que um abrigo de corpo e alma. Sem abrigo, somos pedras na chuva.
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FICHA TÉCNICA
Projeto
Casa do Vale
Localização
Vieira do Minho, Portugal
Cliente
Júlio Machado Vaz
Arquitetura
Guilherme Machado Vaz
Consultores
SGPE, lda.
Construtor
António Dias Ribeiro, Lda.
Área construída
350 m²
Área do terreno
10000 m²
Estrutura
Betão
Ano do Projeto
1998-2002
Ano de Construção
2002-2005
Fotografias
Leonardo Finotti
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