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O mundo atual é fértil em conceções completamente vocacionadas para o crescimento das empresas e a recolha de dados assume um papel cada vez mais preponderante nos mais diversos setores de atividade. Com efeito, a fiabilidade que as valências analíticas garantem na tomada de decisão faz com que as bases de dados, os softwares de análise e os data scientists assumam um papel essencial e inegociável na rotina do grosso das empresas, atuem estas em indústrias mais ou menos criativas. A arquitetura é um exemplo paradigmático de como os dados e a criatividade devem andar de mãos dadas.
A busca incessante por uma arquitetura analítica garante à indústria maior eficiência, velocidade e sustentabilidade. A prioridade de quem gere o negócio estará sempre na redução do custo do projeto e na maximização do lucro, através de uma correta quantificação dos recursos a utilizar, da identificação de tendências de mercado, da reutilização de tarefas já desenvolvidas ou do cruzamento de dados disponíveis através de ferramentas digitais ou projetos próprios. Um tratamento de dados apropriado gera conclusões tão pertinentes que funcionam quase como um guia de conduta. Os procedimentos e as decisões são tomados pelos dados.
Ora, se o tratamento de dados é fundamental e deve ser feito por todas as empresas, não é menos verdade que a criatividade continua a ser o elemento distintivo na arquitetura. São as boas ideias que fazem realmente a diferença e não existe negócio que funcione sem rasgo criativo. O marketing é uma indústria que, através do Growth Hacking, conseguiu balancear a utilização dos dados e a criatividade ao serviço do crescimento das organizações. As empresas do sector de entretenimento, como as produtoras de jogos de videogame e as plataformas de casino online licenciado e de streaming, são outro exemplo de um segmento que está intimamente ligado à criatividade e à arte, mas que soube aproveitar os dados para criar melhores produtos e entregá-los de forma mais eficiente a seus clientes.
A chave está no equilíbrio entre as componentes analíticas e a criatividade. O arquiteto moderno deve ser uma fusão entre o Mad Man e o Math Man. Esta simbiose entre o lado direito e esquerdo do cérebro é difícil de adquirir e haverá sempre tendência para valorizar mais um dos lados da balança. Contudo, esta capacidade de mudar o chip tem de ser desde logo trabalhada nas universidades, onde muitas vezes um punhado de referências bibliográficas vale mais do que uma ideia nova. Um arquiteto recém-chegado ao mercado de trabalho sabe que parte significativa do seu valor reside nas suas ideias. Os dados são a melhor forma de otimizá-las ao serviço do mercado.
A retórica que envolve estas duas esferas é delicada, porque os argumentos facilmente resvalam para um dos polos. Por um lado, muitas empresas continuam a promover uma visão 100% analítica e orientada para os números, onde a criatividade surge como o parente pobre das ações estratégicas. Por outro, os profissionais que não adequam o seu potencial criativo aos problemas e necessidades do negócio acabam por ter um papel redundante nas organizações. A arquitetura que prevalecerá no futuro é aquela que absorve o melhor destes dois mundos.
DR
Foto de Bogdan Karlenko em Unsplash