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O arquitecto Siza Vieira lamentou que Nadir Afonso, falecido esta quarta-feira em Lisboa, não possa assistir à inauguração do edifício que projectou para albergar em Chaves a obras do pintor.
“Para mim foi um desgosto, além do mais esperava vê-lo na abertura da fundação em Chaves, mas aconteceu isto”, afirmou o arquitecto em declarações à agência Lusa que considerou Nadir, “uma pessoa que teve um percurso brilhante”.
A obra do edifício para albergar a sede da Fundação Nadir Afonso “está muito adiantada”, afirmou o arquitecto, especificando que está já “nos acabamentos interiores”.
O pintor participou na definição do programa de arquitectura do edifício, um investimento de nove milhões de euros, “que inclui um atelier onde ele iria trabalhar juntamente com artistas convidados, mas que integra fundamentalmente salas para a exposição da sua obra”.
O prémio Pritzker lembrou que Nadir Afonso teve “um percurso notável na pintura a que se dedicou a partir de certa altura exclusivamente mas que antes, em arquitectura, tem alguma obra em Chaves e a experiência de trabalho com dois dos maiores arquitectos do século XX, o Corbusier e o Niemeyer”.
“Sei que ambos apreciavam muito a sua participação no trabalho do estúdio”, acrescentou Siza Vieira.
Nascido em Chaves, em 1920, o pintor, arquitecto e pensador Nadir Afonso Rodrigues tinha completado o 93º aniversário a 4 de Dezembro.
Diplomou-se em arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e trabalhou com arquitectos de renome como Le Corbusier e Oscar Niemeyer, mas viria a trocar esta área pela pintura, alcançando reconhecimento internacional.
Foi distinguido em 1967 com o Prémio Nacional de Pintura e em 1969 com o Prémio Amadeo de Sousa-Cardoso, e condecorado com o grau de Oficial (1984) e de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2010).