A Casa Quinze de Novembro, construída num lote estreito e comprido, com três pisos, duas frentes e jardim nas traseiras, típica do Porto burguês do séc. XIX, encontrava-se em razoável estado de conservação e possuía características construtivas e ornamentais que importava preservar. Pretendia-se manter as características originais da casa, reabilitando elementos estruturais e construtivos, dotando-a ao mesmo tempo de espaços sociais amplos e luminosos, mais ajustados às características pretendidas pelos clientes. A organização interior manteve-se globalmente, apenas com ligeiras alterações no sentido de adaptar a casa às novas exigências programáticas.
Durante a elaboração do projecto foi tido em consideração o facto do edifício ser parte integrante de uma frente de rua consolidada e possuir características da típica casa burguesa do Porto (séculos XVIII a XX). Nesse sentido, as alterações propostas, baseadas num levantamento prévio dos elementos construtivos e das patologias existentes, procuraram minimizar o impacto no edifício, preservando e valorizando as suas características originais, respondendo ao pretendido pelos proprietários, e garantindo o respeito pelos princípios ditados pelas Cartas e Recomendações Internacionais na área da Conservação, nomeadamente a Compatibilidade e a reduzida intrusividade.
Paralelamente, o facto do edifício se encontrar, à data da inspecção inicial e do arranque do projecto, em razoável estado de conservação, levou a que a proposta envolvesse a preconização de intervenções localizadas, nomeadamente através da reabilitação dos elementos construtivos existentes e da utilização de soluções baseadas em materiais e técnicas tradicionais. A introdução de novas infra-estruturas, nomeadamente hidráulicas, eléctricas, de telecomunicações e de climatização, importantes para melhorar os níveis de conforto e de segurança do edifício, foi pensada de forma a colidir o menos possível com os elementos construtivos existentes.
O piso -1, em pior estado de conservação, e com uma relação directa com o jardim que se pretendia potenciar, foi alvo de uma maior transformação em termos de elementos construtivos e de organização espacial, tendo no entanto mantido a função social. Neste piso assumiu-se uma linguagem mais contemporânea através de espaços mais amplos. Em particular, na abertura da sala de jantar e na separação da cozinha com a lavandaria, onde foi construído um envidraçado em ferro e vidro, amplificando a entrada de luz na cozinha. Nos dois pisos superiores, piso térreo e 1º piso, que mantiveram o uso original, salas e quartos, respectivamente, a intervenção foi pontual, decorrente de necessidades específicas como a instalação de novas instalações sanitárias, optando-se pela preservação de tectos, soalhos e carpintarias interiores. Nas instalações sanitárias procurou-se adoptar materiais de revestimento compatíveis com os existentes, de forma a manter alguma continuidade entre os espaços.
A fachada principal, integrada num conjunto de 2 casas, foi reabilitada, através da limpeza da cantaria de granito e da consolidação dos azulejos biselados, tão típicos desta época. A fachada posterior, que se encontrava em muito mau estado de conservação, teve de ser substituída por uma nova fachada em estrutura de madeira, repondo os materiais e alinhamentos originais, com a a aplicação de chapa ondulada na zona central, rebocando o volume lateral em alvenaria de pedra correspondente às instalações sanitárias. Em ambas as fachadas, as janelas, que se encontravam num estado de conservação muito precário, foram substituídas por réplicas em madeira, melhorando a eficiência energética e o comportamento acústico do edifício.
A reabilitação das pré-existências, materializada através da realização de intervenções pontuais e dirigidas, permitiu valorizar as características originais do edifício, preservando o seu valor patrimonial e garantindo, em simultâneo, uma melhoria das condições de utilização e de conforto.
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Projeto
Localização
Porto, Portugal
Arquitectura
Atelier In.vitro
Arquiteta responsável
Joana Leandro Vasconcelos
Colaboração
Alba Pérez Marqués
Especialidades
Estabilidade
NCREP – Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património, Lda
Infraestruturas Hidráulicas
Nelson Magalhães
Construção
CS Construtora
Fotografia
José Campos, Architectural Photography
Área
300m2
Ano
2016-2017