Centro de Artes do Carnaval

Categorias: arquiteturaCultura

O Carnaval festeja-se em Portugal desde o Século XIII e ocupa uma posição central no imaginário coletivo de Torres Vedras.

O projeto do Centro de Artes do Carnaval (CAC) materializa esta referência coletiva, transformando uma pedreira desativada e um matadouro em ruínas e oferecendo ao mesmo tempo uma Praça pública a um bairro marginalizado.

O bairro, implantado sobre a Encosta de S. Vicente, tinha crescido em torno da pedreira e do matadouro, tornando-se, depois do seu fecho, um fragmento esquecido da cidade. Do matadouro restou sobretudo o seu valor iconográfico, reflectindo a memória e a identidade do lugar. Da pedreira, que tinha servido como pasto para o gado, ficou uma plataforma abraçada por uma escarpa, cuja dimensão, forma e materialidade confere um carácter onírico ao lugar.

O antigo matadouro foi reabilitado para ser a entrada principal do CAC, contendo as salas de exposição temporária, uma pequena biblioteca e a loja do museu, directamente relacionada com a rua. Sobre os vestígios de um pátio que serviu para ventilação e drenagem do sangue dos animais construiu-se a escada principal do edifício, circular, sendo o espaço que a envolve o primeiro passo do percurso expositivo. No piso superior, ao fundo da nave da exposição principal, uma grande janela enquadra a vista da cratera, do bairro e da Praça.

A Praça, cuja forma resulta da geometria sugerida pela cratera, é qualificada pela massa da escarpa, em continuidade com a superfície elíptica do novo corpo que contém as reservas visitáveis, e é animada pela presença da cafeteria e das oficinas do museu que se abrem para ela através de uma galeria exterior coberta.

Este espaço público, desenhado como lugar de parada e teatro urbano para a celebração do Carnaval, é simultaneamente palco para as práticas quotidianas dos cidadãos, esperando- se que tenha a capacidade de devolver o bairro ao espaço e ao tempo da cidade.

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FICHA TÉCNICA

Projecto
Centro de Artes do Carnaval

 

Localização
Torres Vedras, Portugal

 

Programa

Reabilitação

 

Cliente
Privado

 

Arquitetura

José Neves

 

Cor

João Pernão, Maria Capelo

 

Equipa de arquitetura
Rui Sousa Pinto, André Matos, Fernando Freire, Sara Brandão, Vítor Quaresma, Vasco Melo, Paulo Cunha

 

Acompanhamento de Obra
Carlos Almada, Diogo Amaro, Inês Oliveira, João Tereso

 

Fotografia
Paulo Catrica

 

Área
4100 m2

 

Data
2020

Galeria
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