Alexandra do Carmo e John Hawke, um casal de artistas plásticos, abandonam o seu Loft em Brooklyn, o mercado da arte, a vida urbana produtiva em troca da Serra de Sintra.
Inspirados pela filosofia do Decrescimento, envolvem-se na comunidade local, praticam a permacultura cooperativa, e vão-se reapropriando da suas vidas. John declara a morte da sua prática artística, mas a criatividade do seu modo de vida acaba por o trazer de volta uma “arte depois da arte”.
A recuperação da casa em Colares é a expressão desta ruptura; deslocamento ou interrupção do sentido único imposto pela globalização neoliberal. O arquitecto vê-se contaminado pelos mesmos sentimentos de ruptura e desapego, o que potencia
um processo circular e participativo com o John e Alexandra e outros intervenientes, e como um artesão implica-se na produção
e construção.
Na abstração do desenho e composição do pavimento e reixa, subsume-se a relação dialógica entre imaginário, espaço interior
e paisagem sintrense. A obra reinterpreta a sabedoria da arquitectura popular, a integração das artes aplicadas, a teatralidade
do Romantismo, a filosofia Franciscana do Convento dos Capuchos na sua integração total na natureza e busca de intemporalidade.
Uma metodologia contemplativa. De inspiração romântica, intuitiva e concebida in loco, deixa-se trespassar pelos sentimentos provocados pela natureza e pelas construções da Serra. Uma linguagem de síntese disjuntiva entre o património existente e a asserção de contemporaneidade.
Texto de Candela Varas
Architecture
Pedro Segurado Quintino Rogado
Tile and Latticework design
Pedro Segurado Quintino Rogado + Leonor Venâncio
Collaboration
Ricardo Moura da Silva + Roberto Alves Gomes
Structural Engineering
Triologia de R – Eng.º Vasco Farias
Construction
Triologia de R – Arq.º Pedro Mariguesa
Client
Alexandra do Carmo + John Hawke