O objetivo deste projeto consistia na conceção de uma instalação industrial da EDP, uma empresa global de energia, para funcionar como um espaço de observação e controlo de uma barragem, em caso de emergência.
Localizada em Ermida, no centro de Portugal, esta área é caracterizada por um bonito curso de água rodeado por uma densa área florestal.
A implantação do edifício teria de ser efetuada numa localização elevada, garantindo a sua proteção de eventuais cheias e uma boa visibilidade para a barragem. Isto tornou necessário intervir, de forma franca, na paisagem, para a criação de uma plataforma que permitisse a implantação do edifício e o acesso de veículos até à sua entrada.
Desenhar um edifício industrial numa área florestal, com construções tradicionais pontuais, permitiu pensar na forma como uma construção contemporânea poderia encaixar nesta paisagem.
Como evitar que este edifício se tornasse apenas mais uma ‘caixa’ contemporânea?
Poderia um edifício industrial contemporâneo mimetizar as construções tradicionais com telhados inclinados, visíveis na envolvente?
As barragens e edifícios associados são, em Portugal, tradicionalmente construídas em betão.
Ermida, o nome do local, significa pequena igreja ou capela.
Com isto em mente surgiu a ideia de desenhar um edifício com uma cobertura de duas águas, em betão.
Um projeto industrial contemporâneo, que conseguiria reinterpretar os tradicionais telhados em telha, mas também identificar-se com o nome da localidade.
O betão surgiu assim como um elemento continuo – pele e esqueleto – com funções de parede e telhado, como acabamento e material impermeável.
Entre o betão, revestindo as fachadas localizadas nos topos, surgiram outros materiais, como o alumínio e o vidro:
- a fachada frontal totalmente opaca, em alumínio,
à exceção de duas portas em vidro, que anunciam a entrada principal;
- a fachada posterior,
orientada para a barragem, totalmente em vidro, à exceção de uma parcela onde
foi necessário garantir grelhas para ventilação.
Esta materialidade, associada ao recuo dos planos, permitiu enfatizar o contorno em betão.
Um edifício industrial contemporâneo que ambicionou reinterpretar as construções tradicionais, honrar o nome do local e respeitar a materialidade da história da arquitetura da EDP.
Nome da obra
POC Ermida
Tipologia
Edifício industrial
Função
Posto de Observação e Controlo
Área
140m²
Localização
Ermida, Sever do Vouga, Portugal
Data de conclusão
Março, 2018
EQUIPA
Arquitetura
Pedro Geraldes
Estruturas
COBA S.A.
Engenharia Mecânica
Andritz Hydro, Efacec S.A.
Engenharia Hidráulica
FCC Construccion + RRC Ramalho Rosa Cobetar S.A. + OPWAY
Eletrotecnia e Comunicações
Andritz Hydro + Efacec S.A.
Outras colaborações (EDP)
Gilberto Monteiro (coordenação geral), Diogo Santiago (arquitetura), Nuno Oliveira (engenharia mecânica), Miguel Roque (engenharia mecânica), Joana Santiago (engenharia eletrotécnica), Armando Camelo (materiais), Pedro Silva (materiais), Ana Costa (segurança)
Dono de obra
EDP
Empreiteiros
FCC Construccion + RRC Ramalho Rosa Cobetar S.A. + OPWAY
Alguns materiais:
Pavimento vinílico da Tarkett, ref. Abisso 14995 809;
Azulejos c/ 10x10cm da Azulima ref. F67 (prateado);
Vãos em alumínio anodizado à cor RAL 5003, da Sapa Building System ref. El 52 ST;
Portas corta-fogo da Fichet, ref. Magma;
Iluminação exterior da Bega, ref. 88163, ref. 77090 e ref. 24152;
Iluminação interior da Osvaldo Matos, ref. Tubo 70 e ref. Asa (Álvaro Siza);
Créditos fotográficos
A Caixa Negra (Alexandre Delmar)