Remodelação de habitação unifamiliar

Categorias: Unifamiliar

A casa existente insere-se numa zona maioritariamente habitacional na proximidade do Jardim Botânico de Coimbra. O edifício existente, uma casa do início do séc. XX era composto por quatro unidades habitacionais independentes. O programa apresentado prevê a reconversão do edifício numa única habitação unifamiliar.


O avançado estado de degradação da estrutura original, a fraca qualidade construtiva do piso térreo e a inadequada dimensão dos espaços interiores definiram o princípio base da intervenção: a manutenção e restauro das fachadas e cobertura mantendo a volumetria existente e a demolição e consequente reformulação da totalidade do interior do edifício.

A nova organização espacial é marcada pela introdução de um corpo longitudinal central, definido a partir de duas paredes estruturais, que alberga as escadas, instalações sanitárias de serviço, arrumos e espaços de apoio nos pisos 0 e -1 e a circulação no piso 1.
As zonas de estar distribuem-se pelo piso de entrada, relacionadas com a cozinha, e o piso inferior em estreita relação com os espaços exteriores da casa.

O primeiro piso é ocupado pelos quartos, zona de vestir e instalações sanitárias complementados com uma zona de estar no sótão. Prevê-se que o espaço do sótão venha a ser ocupado com zonas de estudo e trabalho de forma informal. No piso do sótão situam-se também uma zona técnica e um espaço de arrumos.

No piso -1, situam-se também as zonas de lavandaria, arrumos, copa de apoio à sala de estar, zona técnica exterior e garagem à qual se acede por intermédio de uma plataforma elevatória situada a Norte da habitação, praticamente imperceptível pelo exterior.
A preservação dos vãos exteriores, caixilharia de madeira pintada com vidro simples foi determinante na manutenção da leitura da fachada original tendo as questões térmicas e acústicas sido resolvidas pela introdução de uma folha de correr com perfil oculto pelo interior cuja presença é praticamente imperceptível. A depuração no desenho dos novos elementos permite preservar a leitura dos caixilhos existentes.

Os pavimentos em madeira maciça de pinho de Riga sem nós são desenhados em função da modulação dos espaços, aberturas, passagens e zonas de circulação. As réguas oscilam entre 20 e 30 cm de largura com comprimentos correspondentes à dimensão total dos espaços. Pretende-se atingir uma depuração do desenho, reduzido ao essencial, patente no mobiliário fixo, mobiliário de cozinha e instalações sanitárias.

Procurou-se manter uma relação visual entre os diferentes pisos e espaços e garantir a chegada de luz zenital a todos os espaços interiores. São disso exemplo as aberturas das escadas para a sala do piso 0 e da circulação para a sala do piso -1, as aberturas entre os dois quartos e os lanternins nas escadas de acesso ao sótão, e zonas de circulação do piso dos quartos. Introduziu-se um lanternim redondo no espaço do sótão como forma de revisitar um tipo de abertura original, o óculo, presente desde o início nos diferentes pisos e espaços da habitação.

A abertura de novos vãos no piso da cave, em estreita relação com o jardim, apoia-se na métrica dos vãos existentes e reforça a ideia de espessura de parede própria do embasamento em alvenaria de pedra de uma casa com estas características. O encerramento dos vãos à cota dos espaços exteriores é feito por intermédio de portadas na face exterior da parede com acabamento em reboco igual ao das fachadas.

Por último, foram restaurados os muros mantendo os revestimentos originais, os capeamentos em pedra e elementos metálicos que delimitam o terreno associado ao qual se introduziu pelo interior um canteiro contínuo por forma a criar uma nova barreira vegetal e assim garantir a privacidade dos espaços exteriores e habitação, e a plantação de diversas árvores cuja localização foi determinada pelas relações que estabelecem com os espaços interiores da casa.

No jardim é criada uma plataforma de pedra associada ao vão de maiores dimensões da fachada sul, marcando de forma clara uma zona de estar exterior. Com as cantarias removidas dos vãos existentes no piso inferior que não pertenciam ao desenho original da casa é criado um longo banco de apoio ao jardim, associado a uma árvore existente.

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FICHA TÉCNICA

Autor(es)
Jorge Teixeira Dias

Colaborador(es)
Rita Serra e Silva, Ana Luísa Reis, Joana Brandão e Elísio Costa Graça

Especialidades
Eca Projectos, Lda

Fundações e Estruturas
Paulo Maranha

Instalações Eléctricas, de Telecomunicações e de Segurança contra Incêndio
Luís Besteiro Ribeiro

Instalações Mecânicas
Pedro Dias

Instalações Hidráulicas
Vitor Ribeiro

Instalações de Gás
Paulo Sampaio

Acústica e Térmica
Diogo Mateus

Construção
Civifran Construções, Lda

Mobiliário
Xelinhos – Indústria de Carpintaria, Lda

Encomenda
Privada – adjudicação directa

Ano de conclusão
2014

Área geográfica
Coimbra

Galeria
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