Remodelação de um apartamento no Chiado

No rés-do-chão direito do número 18 da Rua da Oliveira ao Carmo existe um apartamento de noventa metros quadrados que tem o usufruto de um saguão do edifício – um pátio com um eixo vertical muito pronunciado. No final dos anos 1980, este apartamento sofreu uma intervenção que não só descaracterizou o seu interior – aproximando-o a uma ideia de open-space – como reduziu em muito a dimensão do pátio – que deixou de ser suficiente para iluminar o apartamento, tornando-o obscuro e sombrio. Nesta nova operação procurou-se fazer uma aproximação à reconstituição da compartimentação original do interior do apartamento, mas também, e sobretudo, libertar o seu pátio de construções.

O pátio foi então revestido ao nível do piso térreo com mosaico cerâmico e ocupado por uma mesa e bancos portáteis e por uma gambiarra pendurada a partir de vários pontos de fixação – revelando que este espaço não consiste apenas num cenário, mas num lugar habitado. Um grande vaso ocupa um dos cantos, a partir do qual cresce uma ficus repens que, aos poucos, irá trepar persistente e firmemente pelas paredes brancas dos pisos superiores. A relação do espaço da cozinha e da sala de estar com este lugar a céu aberto é exaltada a partir das janelas de generosas dimensões, que – quer fechadas e através da sua caixilharia oculta em ferro, quer abertas e giradas 180 graus sobre o seu eixo de rotação – permitem o prolongamento dos espaços interiores, gerando um espaço contínuo. Este vazio vertical passou, afinal, a constituir o espaço principal da casa – um espaço de silêncio, alternativo ao bulício da cidade, e para o qual o apartamento se passou a voltar.