Torre Miramar – Como é que se desenvolve tipologias de habitação com mais de 200 metros quadrados de varanda?
Destacando-se pela sua singularidade na paisagem que se prolonga até ao mar e beneficiando de um quadro visual e sensorial único, a torre rege-se, na proporção e dimensão, pelas existentes na Pasteleira, implantadas a Norte, mas isola-se pela sua abordagem temática e de linguagem. A composição volumétrica é fruto duma arquitetura integrada com a ambição de desenvolver tipologias de habitação com mais de 200 metros quadrados de varanda. No topo
do pódio, surge um volume vertical com 15 andares, paralelo à estrada e com aproximadamente a mesma altura das torres naquela zona. Ao posicionar o edifício na parte mais central do terreno, garante-se um espaçamento máximo para todos os edifícios adjacentes. Evidenciando uma matriz estruturalista e com uma secção vertical dendriforme, o edifício é adaptável à otimização das tipologias. Os pisos, organizados com uma ou duas habitações, constroem um discurso espiralado onde a aparente rotação e modelação dos terraços a 360 graus lhe imprime uma verticalidade referencial e formal.
Cada habitação está dotada de individualidade e identidade distinta, com um jardim próprio. Para melhor atender
à singularidade do projeto e evitar a sensação de ‘dejá-vu’, a torre ganha algum dinamismo deslizando as lajes horizontais na área da varanda. Estas varandas criam tanto o tema de conceito como a oportunidade do exercício plástico e escultórico, concebidas em betão. Entre a fluidez dos espaços comuns que se perdem na relação interior- exterior e no horizonte longínquo, e a compartimentação dos quartos, os usos são conotados pela exceção. No piso térreo, um átrio associado ao ginásio e outros usos comuns estabelecem continuidades com o solo vegetal e natural. Um microclima com biodiversidade está presente na vegetalização desejada. Entre um revivalismo que evoca a torre e as noções de espaço total como vida total, capazes de absorver o ambiente que a rodeia, obtém-se uma imagem
vigorosa e orgulhosa da sua escala.
“A Torre de Miramar é quase uma tempestade perfeita, no lugar onde cresci e numa paisagem na qual nunca imaginei vir a desenhar e acrescentar uma torre. Aqui, precisaríamos de 50 promotores até conseguirmos en- contrar alguém que, com o arrojo e ambição suficiente, aceitasse desenvolver tipologias de habitação com mais de 200 metros quadrados de varanda. Numa torre de forte vocação estética, são estas varandas panorâmicas e dinâmicas que criam tanto o tema de conceito como a oportunidade do exercício plástico e escultórico que se concebeu integralmente em betão. (…) Desejámos algo potencialmente irrepetível…uma escultura habitável.”
Diogo Brito, Sócio do OODA
“As varandas são a parte visível da estrutura da torre. Atuam como exoesqueleto, que se estende de forma desigual em cada piso e desconstrói a racionalidade interior.”
João Jesus, Sócio do OODA
Projeto
Torre Miramar
Localização
Porto, Portugal
Arquitetura
OODA 🔗
Colaboração
GEG, Mir, Fusão, P4
Área
6000m2
Data projeto
2019
Data da obra
Em curso