A Gateira é uma aldeia situada numa encosta cultivada com vinhas, pinheiros e oliveiras que dispõe de uma vista privilegiada sobre o extremo Sul da Serra da Estrela.
Os clientes – um casal britânico – pretendiam uma segunda casa que lhes proporcionasse espaço, ar livre e silêncio, por contraste com a vida que levam em Londres. A primeira questão: como intervir numa paisagem tão dramática, com um equilíbrio invulgar entre natureza, agricultura e arquitectura popular?
A nossa estratégia foi interferir o mínimo possível: entra-se na casa pela cota superior do terreno, através de um muro que evoca as construções em xisto tradicionais da região, e depois desce-se até ao centro da casa – uma sala em 2 níveis. A partir deste espaço, o volume da casa quebra-se e estende-se ao longo da topografia numa distinção subtil mas efectiva entre espaços sociais e espaços íntimos, ou seja, cada espaço está a uma cota diferente e tem acesso directo ao exterior. Podemos dizer que em vez de uma casa na paisagem pensámos numa casa da paisagem, como a construção de um passeio no campo.
Além da noção romântica de uma casa bem enraizada, o contacto extenso com o terreno tem enormes vantagens energéticas: usamos a inércia térmica ilimitada da terra para contrabalançar as amplitudes térmicas do ar ao longo dos dias e das estações. O pátio entre a sala e o quarto principal também é um dispositivo térmico passivo: cria um diferencial térmico entre a piscina e o pátio, o que gera uma corrente de ar ascendente através da casa para arrefecimento na Primavera e Verão, e permite insolação intensiva no ponto mais interior da casa no Outono e Inverno.
Local
Gateira, Penela
Data
2009 – 2014
Área Construída
403 m²
Área do Terreno
2143 m²
Arquitectura
Vasco Correia e Patrícia Sousa
Colaboraram
Tiago Garrido, Jonas Grinevicius e Christoph Schwander
Fotografia
Nelson Garrido